Os constrangimentos registados em serviços de urgência de vários pontos do país já levou a um "pico" no número de doentes atendidos no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Na segunda-feira, 511 pessoas foram atendidas naquela urgência hospitalar, quando o usual ronda os "300 a 400" atendimentos.
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O diretor clínico do Hospital de Santa Maria afirmou à RTP3 que a unidade está a “sentir a pressão no serviço de urgência”. “Estamos dependentes do que temos à nossa volta”, referiu Rui Tato Marinho, uma vez que o hospital recebe “portugueses desde a região Centro, como Santarém e Caldas da Rainha, ao Algarve e às ilhas”. No dia de segunda-feira, 2 de outubro, receberam 511 doentes na urgência. “Um pico que não estávamos à espera”, adiantou.
O normal é atenderem entre "300 a 400 pessoas" na urgência, explicou o clínico. Em todo o país, há médicos a entregar minutas de recusa à realização de mais de 150 horas extraordinárias, o limite previsto por lei, o que está a causar constrangimentos e fechos em vários serviços.“É uma recusa às mais de 150 horas extraordinárias, previstas por lei. Isto não quer dizer que os médicos não trabalhem ou não façam urgências”, explicou o diretor clínico do Hospital de Santa Maria. Na especialidade de cirurgia, “alguns médicos entregaram uma recusa”, apontou Rui Tato Marinho.
Fonte do Centro Hospitalar Lisboa Norte, onde o Santa Maria está integrado, precisou ao JN que "metade dos atendimentos foram de utentes fora da área de influência" do hospital. Rui Tato Marinho disse "ser impossível fechar o Hospital de Santa Maria", apesar de afirmar ser necessário "poupar" a unidade. "Temos vindo a trabalhar para precaver a situação", concluiu.
O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, vai reunir esta quarta-feira com o bastonário da Ordem dos Médicos. Carlos Cortes pediu uma reunião urgente, no domingo, à tutela, e afirmou que a crise nas urgências é "grave". No Norte do país, por exemplo, o Hospital de Penafiel já solicitou ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes do INEM para desviar casos urgentes, essencialmente traumas, para o Hospital de São João, no Porto.