O Hospital Fernando Fonseca, também conhecido por Amadora-Sintra, instaurou procedimentos disciplinares com vista ao despedimento por justa causa dos dois cirurgiões que denunciaram alegadas más práticas médicas generalizadas naquele serviço, acusações que, para já, vieram a revelar-se infundadas em quase todos casos.
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A administração acusa os clínicos de terem acedido indevidamente "a mais de uma dezena de processos clínicos e dados pessoais de saúde de utentes da instituição sem razão clínica atendível".
Os médicos terão recebido as notas de culpa dos processos anteontem e estão suspensos desde então. Têm agora dez dias úteis para apresentar, por escrito, a sua defesa.
O caso reporta a duas denúncias feitas, no final do ano passado, à direção clínica do hospital pelo antigo diretor do serviço de cirurgia geral e outro cirurgião.
As denúncias foram noticiadas pelo jornal Expresso, em janeiro passado, numa notícia que dava conta de 22 doentes que teriam morrido ou ficado "mutilados" por alegada má prática clínica e violação das "leges artis". Os cirurgiões alegavam que se tratava de uma "situação sistémica" naquele serviço.
Denúncia incluiu casos de doentes que não foram operados
A administração do hospital determinou a abertura de um inquérito interno e pediu à Ordem dos Médicos uma avaliação independente.
A primeira das duas denúncias, que abrangia 18 casos, foi sujeita a uma perícia do colégio de especialidade de cirurgia geral da Ordem dos Médicos. A avaliação entendeu que quase todos os casos denunciados não tinham fundamento. A segunda denúncia ainda não foi avaliada.
O relatório do colégio de especialidade de Cirurgia Geral da Ordem dos Médicos concluiu que, entre os 18 casos avaliados, alguns referiam-se a doentes de outras instituições, outros não tinham sido operados, outro tinha sido transferido para outro hospital.
Dos sete doentes que efetivamente tinham sido operados no serviço de Cirurgia Geral do HFF, a Ordem dos Médicos concluiu que num dos casos, uma segunda cirurgia, poderá ter havido "má opção cirúrgica".
Na sequência deste parecer, o hospital determinou a instauração de procedimentos disciplinares aos três cirurgiões que participaram no ato cirúrgico em causa. Os processos ainda estão em curso, mas não visam o despedimento.