O Centro de Desenvolvimento Rápido e Sustentado de Produto (CDRSP) do Politécnico de Leiria criou, há um ano, o laboratório Big Print, para fazer a impressão de objetos de grande dimensão em 3D. Com um computador, um robô e materiais de construção, a unidade de investigação do Politécnico de Leiria consegue edificar uma casa em sete dias, sem mão de obra. No futuro, até em Marte poderá construir abrigos.
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Vice-diretor e investigador do CDRSP, Geoffrey Mitchell explica que esta solução tem como vantagem permitir a construção de casas em zonas e países com temperaturas muito elevadas, pois os equipamentos podem ser programados para trabalhar durante a noite. "Podemos levar as máquinas para cenários de catástrofe para construírem abrigos, de acordo com a temperatura ou o vento", exemplifica.
Artur Mateus partilha as mesmas funções e o mesmo entusiasmo de Geoffrey Mitchell. "Quando o ser humano chegar a Marte tem de ter lá um abrigo. Podemos mandar para lá as máquinas, pois podem ser operadas à distância", assegura. Florindo Gaspar, investigador do CDRSP, acrescenta que existem matérias-primas no planeta vermelho para fazer geopolímeros, que podem ser utilizados para substituir cimento.
Até ao verão, os três investigadores das áreas da Física (Mitchell), Engenharia Mecânica (Mateus) e Engenharia Civil (Gaspar) vão construir a primeira casa através de impressão 3D, sem necessitar de moldes. "Incluímos alunos de mestrado e de doutoramento na investigação experimental para concluírem as teses, e aproveitámos parcerias com empresas", explica Florindo Gaspar.
Impressão 3D é uma ferramenta flexível de fabrico para construção, com mais amplitude de criação, pois a casa pode ser circular, sem aumentar o preço
"A impressão 3D é uma ferramenta flexível de fabrico para construção, com mais amplitude de criação, pois a casa pode ser circular, sem aumentar o preço", sustenta Artur Mateus. Geoffrey Mitchell garante, por outro lado, que a técnica irá diminuir a pegada ambiental da construção civil e diminuir o impacto nas alterações climáticas.
No prazo de uma semana, os investigadores do CDRSP querem concluir a casa sustentável, com um quarto, uma sala com kitchenette e uma casa de banho. Florindo Gaspar revela que vão aproveitar cinzas de biomassa em vez de cimento, para evitar a produção de dióxido de carbono, e as placas de isolamento térmico serão feitas com resíduos vegetais de canas.
"Temos o papel de catalisador do mercado, que vai ter uma evolução mais rápida com a impressão 3D", acredita Artur Mateus. Para tal, o setor da construção terá de utilizar apenas como recursos esta tecnologia, um robô e uma pessoa que saiba operá-lo. Confiante que a indústria vai adaptar-se, Florindo Gaspar prevê que, dentro de cinco anos, já haja empresas a usar esta técnica de construção.