Há três sub-regiões com mais de mil novas infeções por 100 mil habitantes. Apenas o Alto Tâmega continua a aumentar. Mortalidade preocupa peritos.
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A desaceleração da pandemia é já evidente em todas as regiões do território. Na semana finda a 6 de dezembro, registou-se uma descida generalizada no número de novos casos por 100 mil habitantes. Com o Norte não só a ficar abaixo da fasquia dos mil casos, bem como a registar a maior retração entre as regiões. Numa leitura micro, há ainda três sub-regiões com mais de mil novas infeções por 100 mil, com destaque para o Alto Tâmega, em contraciclo, numa subida diária constante.
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De acordo com os mais recentes dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), na semana em análise a incidência no Norte baixou 22%, com 933,9 novos casos por 100 mil habitantes. Segue-se o Algarve, com uma descida de 20%, sendo a região do país com a mais baixa incidência (207,4). O Alentejo, única região que na semana anterior mantinha tendência crescente, registou uma descida de 8%. Calculado o país, na semana terminada a 6 de dezembro Portugal registava a nona incidência mais elevada num conjunto de 33 países europeus, com 609,8 novos casos a 14 dias por 100 mil habitantes. Na vizinha Espanha, a incidência era já menos de metade da nossa.
Alto Tâmega em contraciclo
Em desaceleração, mas mantendo-se a região com a mais alta incidência do país, o Norte contava, a 6 de dezembro, com três sub-regiões acima das mil novas infeções por 100 mil habitantes: Ave (1385,4), Alto Tâmega (1365,9) e Cávado (1070,8). Com o Alto Tâmega em contraciclo face às restantes sub-regiões do país, ao ver a incidência, na primeira semana de dezembro, a aumentar de dia para dia. A pressionar a estatística no Alto Tâmega, Chaves e Valpaços, com 1556 e 1087 novos casos por 100 mil habitantes.
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Em sentido contrário, o Ave acentua a descida depois de ter ultrapassado os dois mil novos casos a 25 de novembro. Na mesma linha, destaque para o Tâmega e Sousa, que baixou a fasquia dos mil quando a 22 de novembro batia os 1731 novos casos por 100 mil. No contexto europeu, Ave e Cávado são agora a 3.ª e 6.ª sub-regiões de um conjunto de oito países europeus com a incidência mais elevada. No final do passado mês ocupavam, respetivamente, o 1.º e 2.º lugar, agora encabeçados por Lungau e Osttirol (Áustria).
Mortalidade preocupa e R sobe
O certo é que apesar do número de novos casos estar a crescer a um ritmo menor, a incidência mantém-se elevada. E a desaceleração tarda a fazer-se sentir na taxa de letalidade. Com Portugal a registar, nas últimas 24 horas, o número de óbitos mais elevado de sempre, num total de 95. Ao JN, o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Carlos Antunes, explica que os "óbitos e os internamentos não estão a responder à desaceleração, não respondem à redução do número de casos". Os dados agora divulgados pela Direção-Geral da Saúde (DGS) dão conta de menos 74 pessoas internadas, para um total de 3230, e de 507 doentes covid em Unidades de Cuidados Intensivos (-2).
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Por outro lado, avisa o matemático, depois de uma desaceleração mais expressiva - até 24 de novembro, registávamos uma taxa média diária de redução de novos casos na casa dos 3% -, "estamos a desacelerar a descida quando devíamos estar a acelerar". Pelos seus cálculos, que não incluíam ainda os dados hoje divulgados pela DGS, desde que se atingiu o pico, a 18 de novembro, Portugal está com uma taxa média diária de redução de novos casos de 1,4%. O que significa, diz ao JN, "que estamos a reduzir os casos a metade a 48 dias". Estimando-se, assim, chegarmos a início de janeiro com menos de mil novos casos por dia.
Depois de uma taxa de 3%, os peritos estão a analisar este desacelerar, revelando Carlos Antunes estarem também "receosos, porque o R - indicador que mede o grau de transmissibilidade de infeção por SARS-CoV- 2 - voltou a subir e está próximo de 1". O que pode ser explicado, admite, pelo facto de "as pessoas terem aligeirado as medidas porque passamos o pico, ou por um efeito de saturação" das próprias restrições. O ECDC, refira-se, alertou já para uma "fadiga pandémica", que leva a um menor cuidado pelo cidadãos, fadiga essa que associada a um iminente levantamento de medidas por altura do Natal poderá levar a um novo aumento de casos e hospitalizações.