Conforme os especialistas tinham antecipado, o aumento de novos casos diários por SARS-CoV-2 alastrou já a todas as faixas etárias. E, nas mais avançadas, está a bater máximos: nos 70-79 anos ultrapassou mesmo o histórico de incidência semanal registado nestes dois anos pandémicos. Na última semana, a média de casos diários subiu 58% e a de óbitos 46%.
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De acordo com o matemático Óscar Felgueiras, a incidência a sete dias por 100 mil habitantes nos 70-79 anos atingiu os 1056 casos (dados a 14 de maio), ultrapassando o máximo de 1051 registado a 1 de fevereiro. Já a faixa dos +80 está a 10% do máximo. No mesmo período, estava nos 982 casos/100 mil, quando o máximo de incidência a sete dias por 100 mil habitantes - 1090 -, tinha sido registado a 4 de fevereiro.
"A incidência está a aumentar e rapidamente. Na onda de janeiro/fevereiro conseguiu-se proteger os mais idosos", comenta ao JN o perito que tem apoiado o Governo nos planos de desconfinamento. Excetuando os mais novos (até aos 9 anos), todas as faixas etárias registam, numa média a sete dias, uma subida superior a 50%, sendo de +61% nos 70-79 anos e de +58% nos 80+. Em termos de incidência por 100 mil, os 10-29 anos registam os valores mais elevados. No total, a média diária de casos subiu 58% na última semana.
Óbitos sobem 46%
Tendência idêntica segue a mortalidade, com a média diária de óbitos na última semana a aumentar 46%, para as 27,3 mortes/dia. Calculada por um milhão de habitantes a 14 dias, está agora nos 29,4, revela o matemático. Em cada quatro óbitos, três são de pessoas com mais de 80 anos.
No domingo morreram 35 pessoas por covid, o valor mais alto desde 27 de fevereiro. A Direção-Geral de Saúde regista ainda 8353 novos casos naquele dia.
A subir está também o R, indicador que mede o grau de transmissibilidade do vírus. De acordo com os mais recentes dados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, a 11 de maio o R nacional estava nos 1,241. Com diferentes velocidades no território: no Norte, na mesma data, estava já nos 1,335, o valor mais alto deste ano.
Mais testes de antigénio
Já a prescrição de testes de antigénio pelo SNS24 começa a "produzir resultados", diz o professor da Universidade do Porto. "Os dados indicam que já estamos a fazer cerca do dobro de testes de antigénio face a PCR". Esta era a proporção "habitual", mas que o fim da gratuitidade de testes nas farmácias inverteu. No sábado fizeram-se 27 698 testes de antigénio e 14575 PCR.