A formação a mais de mil técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH) do INEM arranca hoje e deverá ficar concluída em 18 meses. No final do verão do próximo ano, aqueles profissionais que operam as ambulâncias de emergência do instituto terão mais competências para socorrer as vítimas, antes e durante o transporte ao hospital. A crónica falta de formadores será ultrapassada com a contratação de cerca de 20 mil horas a médicos com experiência em emergência médica.
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A formação dos técnicos está prevista na carreira (aprovada em 2016), mas ainda ninguém a concluiu. O processo arrasta-se pelo menos desde 2018 e tem sido uma das principais críticas apontadas à direção do INEM. Que, com este plano integrado, quis dar um "sinal interno muito forte" da vontade em avançar.
Depois de um 2018 "complicado", que obrigou a desviar os técnicos em formação para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), e após uma pandemia que roubou muita disponibilidade aos médicos para ensinarem, "há condições para avançar com grande otimismo", assegurou ao JN Luís Meira, presidente do INEM.
Já o presidente do sindicato dos TEPH, Rui Lázaro, tem dúvidas sobre a concretização de um plano que se arrasta há tantos anos em tão curto espaço de tempo.
As necessidades de formação variam consoante o momento em que os técnicos entraram para o instituto. Os últimos 49, contratados há dias, precisam de todos os módulos (900 horas). Os mais antigos e os que estão no CODU têm necessidade de algumas centenas de horas de aulas (presenciais e à distância) e do estágio final em ambulância-escola, tal como os que entraram em 2018. Contas feitas, há 1047 técnicos para formar ao mesmo tempo que se assegura a resposta às emergências. "Não podemos, em nenhum momento, comprometer a atividade operacional com a formação", salientou Luís Meira, confiante de que haverá "um empenho muito grande dos TEPH".
Médico sai com técnicos
Para minimizar o impacto, as aulas à distância serão fora do horário de trabalho e remuneradas, num máximo de 20 horas por semana. Da mesma forma, o estágio final será em contexto de trabalho. Ou seja, a "ambulância-escola" estará operacional durante a formação e, em caso de saída, o médico formador acompanha os TEPH, que poderão praticar o que aprenderam sob supervisão direta.
Se for necessário aplicar procedimentos que não estão ao alcance dos técnicos, o médico assume a vítima, mas tal não invalida o acionamento de meios mais diferenciados, como a viatura médica ou o helicóptero, esclarece o presidente do instituto.
Segundo o plano integrado de formação dos TEPH, o INEM poderá operacionalizar em permanência quatro ambulâncias-escola, que serão equipadas com "kits médicos" para uso do formador em caso de necessidade de suporte avançado de vida.
Pormenores
Novas competências - Os protocolos médicos para atuação em caso de hipoglicemia e dor torácica (já em vigor), a triagem multivítimas em situação de exceção/catástrofe, a utilização de determinados fármacos, a criação de acessos endovenosos são algumas das competências que todos os TEPH vão ter no final da formação.
Avançar rápido - As competências dos TEPH serão implementadas "mal haja condições", não será necessário esperar pelo final da formação, assegurou ao JN Luís Meira.
Supervisão médica - Os técnicos atuam em função de algoritmos de decisão médica definidos pelo INEM e aprovados pela Ordem dos Médicos, sob supervisão do médico do CODU.
1047 técnicos do INEM vão receber formação nos próximos 18 meses. Quando concluírem, poderão dar melhor resposta à vítima de trauma e de doença súbita.
20 mil horas serão pagas a médicos externos ao instituto (com competência em emergência médica) para dar formação aos técnicos nos próximos meses.
"Tem de haver um grande equilíbrio entre a formação dos técnicos e operacionalidade dos CODU e dos meios de emergência. Por isso é que são precisos 18 meses"
Luís Meira, Presidente do INEM
"É positivo querer acelerar o processo de formação dos técnicos, mas temos dúvidas de que o INEM consiga concretizar em 18 meses o que não fez em cinco anos"
Rui Lázaro, Presidente Sindicato dos TEPH