
Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/POOL/LUSA
Há um milhão e 35 mil testes para Covid-19 em "stock" e 265 mil foram distribuídos esta semana às administrações regionais de saúde. INEM fez mil transportes e 3200 colheitas para análise.
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Norte recebeu quase metade do novo reforço de 265 mil testes
"Desde 1 de março foram feitos em Portugal mais de 200 mil testes de Covid-19. Temos um milhão e 35 mil testes em 'stock' e 265 mil testes foram distribuídos esta semana às administrações regionais de saúde (ARS) - 45% para a ARS Norte e 30% para a ARS Lisboa e Vale do Tejo", indicou António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, na conferência de imprensa diária sobre a evolução epidemiológica da Covid-19 em Portugal.
"Continuamos empenhados em garantir que os testes chegam onde são mais necessários e a melhorar o tempo de resposta entre a colheita e a entrega de resultados", acrescentou.
Portugal regista 599 mortos de Covid-19, segundo o balanço feito esta quarta-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS). São mais 32 óbitos em relação ao dia anterior. A taxa de letalidade é de 3,3% (na terça-feira era de 3,2%) e a taxa de letalidade acima dos 70 anos é de 11,7% (era de 11,4%), referiu o governante.
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A taxa de letalidade é de cerca de 5,5 por 100 mil habitantes, um valor que é inferior ao da maioria dos países europeus, segundo António Lacerda Sales, mas é mais baixo na Alemanha e Áustria. "Não nos comparamos com outros países, esta é uma luta global, não é uma disputa de números ou de países", ressalvou, considerando que o estado da Covid-19 em Portugal "é uma consequência do excelente comportamento e do excelente sinal de civismo que o povo português tem dado".
Há ainda 383 doentes que recuperaram do novo coronavírus (mais 36 do que na terça-feira) e 208 internados em unidades de cuidados intensivos (menos dez do que na terça-feira).
Os cidadãos podem continuar a contar com o INEM. Podem e devem ligar o 112
António Lacerda Sales deixou um "muito obrigado" aos bombeiros, forças de segurança e proteção civil envolvidos nas ações de combate à pandemia em Portugal e destacou "o papel preponderante" do INEM: "O INEM fez cerca de mil transportes no âmbito da Covid desde março e mais de 3200 colheitas para análises".
"Coube também ao INEM, em parceria com a Secretaria de Estado da Cidadania e Igualdade e o Ministério da Administração Interna, a criação de um circuito para garantir o transporte e testagem de vítimas de violência doméstica antes da entrada nos abrigos de emergência", adiantou.
"Podem continuar a contar com o INEM. Os cidadãos podem e devem ligar o 112 em caso de emergência", apelou o secretário de Estado.
"Antes da pandemia, o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) recebia em média 3800 chamadas, hoje recebe menos 500 por dia" (média diária de 3300), revelou. Esta quebra "resulta, naturalmente do confinamento, mas não pode resultar do receio dos cidadãos em recorrerem ao Serviço Nacional de Saúde".
Luís Meira, presidente do INEM, também presente na conferência de imprensa, acrescentou: "Podem ter confiança no sistema [de emergência médica]. (...) Está garantida a segurança para que essa intervenção [estabilização ou transporte para o hospital] possa ser feita sem receio de poderem vir a ser infetados com Covid."
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"Os circuitos estão bem definidos, os operacionais têm formação e têm os conhecimentos necessários para reduzir ao máximo o risco de contaminação", garantiu Luís Meira.
"Quem tem necessidade de assistência não adie o contacto com a SNS24 ou, nas situações mais graves, com o 112", frisou.
Luís Meira referiu ainda os profissionais do INEM afetados pela Covid-19, diretamente ou as suas famílias, e, sem quantificar, indicou que "todos os que testaram positivos ou já recuperaram ou têm sintomatologia que não é preocupante". "Isto demonstra o risco, que é o preço a pagar pela disponibilidade e pela certeza que os portugueses podem ter de que estão presentes" para dar resposta em caso de emergência.
O planalto
Por sua vez, o subdiretor-geral da Saúde, Diogo Cruz, reafirmou que a contabilidade das vítimas mortais de Covid-19 em Portugal poderá significar "um número de óbitos maior comparativamente com outros países" que as contabilizem de forma diferente.
"Nós neste momento estamos a considerar e a classificar mortalidade por Covid, para efeitos deste surto em particular, todas as pessoas que faleçam por Covid, independentemente da causa básica" da morte. Portugal está "com a malha o mais larga possível em relação aos países da Europa", acrescentou o responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS).
"Aquilo que nós temos visto até ao momento é, de facto, o aplanar da curva e que as medidas tomadas foram adequadas", afirmou, revelando que a DGS tem estado a "estudar com um grupo alargadíssimo de académicos, e não só, sobre que medidas e quando poderão ser aliviadas".
"É um trabalho que tem sido feito há mais de uma semana, que vamos continuar a fazer e diremos quando tivermos essas conclusões", assegurou.

