O Centro de Orientação de Doentes Urgentes do INEM em Lisboa não tem, esta manhã de terça-feira, nenhum técnico a atender chamadas do 112. O sistema funciona em rede, mas as falhas agravam a resposta. Ao JN, o INEM diz ter 24 operadores a atender chamadas em todo o país. São metade do mínimo aceitável, diz sindicato.
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O CODU de Lisboa é o maior do país e tem normalmente 25 técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH) só a atender chamadas. Esta manhã, estão apenas oito operadores a trabalhar naquela central, dos quais seis a acionar meios, um trabalho que é feito a nível regional, e dois a receber dados das equipas que estão no terreno, confirmou o JN junto do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH).
O atendimento das chamadas 112 está a ser assegurado pelos outros três CODU do país (Porto, Coimbra e Algarve).
Em resposta ao JN, o INEM afirmou que no turno desta manhã de terça-feira estão 48 TEPH no CODU a nível nacional, "24 dos quais com a função de atendimento de chamadas, apoiados por sete médicos reguladores".
"Esta Central Médica do INEM é nacional, o que significa que as chamadas que dão entrada via 112 são atendidas em qualquer um dos quatro CODU", detalhou o instituto, aproveitando para recordar os cidadãos que devem ligar 112 apenas em situações de emergência.
Em todas as outras situações não emergentes, devem entrar em contacto com o SNS24, através do número 808 24 24 24, para referenciação e aconselhamento adequados, acrescenta.
Mínimo seriam 50 TEPH a atender em todo o país
"[O CODU de Lisboa] tem estado sempre abaixo do desejável, mas sem ninguém a atender chamadas é a primeira vez", assegurou Rui Lázaro, presidente do STEPH.
De acordo com aquele dirigente, "os quatro CODU deviam ter pelo menos 70 TEPH, dos quais 50 a atender chamadas. Este seria o mínimo normal, mas é um mínimo que o INEM já não consegue garantir há vários meses", reagiu o dirigente.
A escassez tem impacto no tempo de atendimento das chamadas e, consequentemente, no acionamento dos meios de emergência.
"Todos os dias, a toda a hora, há 40 a 50 chamadas em espera", reforça o presidente do sindicato que esteve recentemente na Comissão de Saúde a denunciar a situação crítica a que o instituto chegou.
Segundo Rui Lázaro, as falhas nas escalas do CODU devem-se à carência de técnicos.
Ao que o JN apurou, esta escassez estará agora agravada pelas férias e situações de baixa médica.
No início do mês, na Comissão de Saúde, o presidente do INEM, Luís Meira, admitiu que “o défice é superior a 400 TEPH relativamente ao que está previsto no mapa de pessoal”.
A escassez de recursos humanos têm também impacto na operacionalidade das ambulâncias.