Um estudo internacional, que conta com a participação da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), irá avaliar a informação transmitida aos cidadãos e profissionais de saúde, acerca da segurança das vacinas contra a covid-19, especialmente depois de conhecido o risco associado de trombose.
Corpo do artigo
A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) está a participar num estudo internacional que tem como objetivo saber de que forma é que a informação relativa às vacinas contra a covid-19 foi prestada aos cidadãos e aos profissionais de saúde. Este estudo irá determinar o nível de conhecimento dos médicos, enfermeiros e farmacêuticos, assim como da população, sobre os efeitos adversos associados à administração das vacinas, sobretudo depois de se saber que existia o risco de trombose.
"A ideia é perceber de que forma é que a autoridade transmitiu essa mensagem, perceber qual é que foi o impacto que isso teve na campanha de vacinação para se tentar melhorar numa situação semelhante", explica Inês Vaz, professora na FMUP.
O objetivo passa por perceber se a informação que foi passada através de notícias, conferências de imprensa da Direção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Infarmed, assim como através das circulares emitidas também pela DGS, foi a mais correta. "O estudo fala sobre a altura em que elas foram comercializadas e depois da altura em que começaram a sair notícias sobre a segurança das vacinas", refere a professora.
Inês Vaz explica ainda que o estudo tem um maior foco sobre o evento mais mediático. "Quando se começou a falar que as vacinas poderiam provocar alguns efeitos indesejáveis, houve pessoas que se assustaram e que já não se quiseram vacinar, foi muito falado o risco de trombose, as pessoas falavam muito dos coágulos e dos hematomas", sintomas raros que estão associados a vários medicamentos, pílulas anticoncepcionais e vacinas. "Percebeu-se que muitas pessoas não queriam determinadas marcas, nomeadamente a da AstraZeneca e a da Janssen, diziam que a da Pfizer era mais segura", lembra.
O estudo quer ainda apurar se existiram diferenças na transmissão de informação para a população e para a comunidade médica. Para tal estão disponíveis no site da FMUP, até dia 26 de setembro, dois questionários para que os dois grupos possam responder. "Os resultados deverão ajudar a Agência Europeia do Medicamento (EMA) a avaliar o impacto das ações das autoridades reguladoras associadas às vacinas de vetor viral (adenovírus) contra a covid-19 e, se necessário, a melhorá-las", explica a equipa.
Em Portugal esta investigação está a ser conduzida pela Unidade de Farmacovigilância do Porto da FMUP, em parceria com a Unidade de Farmacovigilância de Lisboa, Setúbal e Santarém e Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa. O estudo tem como público-alvo os profissionais de saúde que estiveram de alguma forma envolvidos na vacinação, tanto aqueles que administraram as vacinas como os que aconselharam sobre os benefícios das mesma e pretende também melhorar o aconselhamento dado aos profissionais de saúde e à população.