Um estudo, conduzido pela Universidade de Birmingham e publicado na revista Anaesthesia, mostra que os tromboembolismos venosos (TEV) são 50% mais prováveis de ocorrer em pacientes com infeção ativa por covid-19. E quase duas vezes mais prováveis naqueles que tiveram infeção recente.
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A investigação científica conclui, ainda, que sofrer um tromboembolismo venoso (TEV) está associado a um risco de morte, nos primeiros 30 dias após a cirurgia, cinco vezes maior, comparado com os doentes sem TEV.
O tromboembolismo venoso é uma condição em que coágulos sanguíneos se formam nas veias das pernas ou dos pulmões. Foi descrito como a causa de morte evitável número um em doentes hospitalizados.
A taxa global de TEVs pós-operatórios foi 0,5% (666/123,591) em doentes sem SARS-CoV-2; 2,2% (50/2317) em doentes com SARS-CoV-2 peri-operatório; 1,6% (15/953) em doentes com SARS-CoV-2 recente; e 1% (11/148) em doentes com SARS-CoV-2 prévio.
Elizabeth Li, co-autora e médica interna em Cirurgia Geral no Hospital Universitário de Birmingham, comenta, em comunicado, que "os doentes submetidos a cirurgia já têm um maior risco de TEV que a população geral, mas nós descobrimos que uma infeção recente ou corrente de SARS-CoV-2 estava associada a maior risco pós-operatório de desenvolver TEV. Os doentes cirúrgicos têm fatores de risco para TEV, incluindo a imobilização, feridas cirúrgicas e inflamação sistémica - e, adicionalmente, a infeção SARS-CoV-2 pode aumentar este risco".
Daí queAneel Bhangu, co-autor e cirurgião colorretal no Hospital Universitário de Birmingham, revela que "deve considerar-se um aumento da consciencialização e vigilância. No mínimo, sugerimos uma adesão estrita à profilaxia de rotina para TEVs em doentes cirúrgicos, incluindo a utilização de medicação anticoagulante quando o risco de hemorragia é mínimo e vigilância aumentada e testes diagnósticos em doentes que se apresentam com sinais de TEV, como inchaço numa perna, dor no peito à direita e dificuldade respiratória".
Os autores garantem que "o cuidado pós-operatório de rotina de doentes cirúrgicos deve incluir intervenções para reduzir o risco de TEV no geral, sendo necessária mais investigação para definir os melhores protocolos para prevenção e tratamento de TEVs neste contexto".
Esta investigação foi conduzida pelo grupo GlobalSurg-COVIDSurg Week, liderado a partir da Universidade de Birmingham: um grupo de cirurgiões e investigadores com mais de 15 mil cirurgiões a trabalhar em conjunto para recolher uma panóplia de dados sobre a pandemia covid-19. Esta análise inclui 128 mil doentes, de 1630 hospitais, no geral, e 22 portugueses, em particular, em 115 países.