Objetivo é saber como vivem, de onde são, em que raça e religião se autoincluem os imigrantes que cá vivem.
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Até ao fim do ano, deverão começar a ser recolhidas informações para o Inquérito às Condições, Origens e Trajetórias (ICOT) da população residente em Portugal. O objetivo é saber como vivem os imigrantes, de onde são e se já foram discriminados, de entre cerca de mais de uma centena de questões. O Instituto Nacional de Estatística (INE) tem em curso um inquérito-piloto que termina no fim deste mês e, com base nas respetivas conclusões, será concebido o inquérito final.
"Com base nas conclusões obtidas, o INE vai proceder à definição da operação principal (questionário, modos de recolha e metodologia de seleção da amostra e de calibração dos resultados), cuja preparação será iniciada em maio de 2022", disse ao JN fonte do INE. "A fase de recolha de informação do ICOT terá lugar, previsivelmente, a partir de finais de 2022", referiu a mesma fonte.
O inquérito-piloto (que está agora a terminar), foi respondido por estrangeiros residentes, há pelo menos um ano (ou que pretendam viver pelo menos um ano), em várias freguesias da Área Metropolitana de Lisboa: Cascais e Estoril, Alvalade, Avenidas Novas, Camarate, Unhos, Apelação, Agualva e Mira Sintra, Águas Livres, Póvoa de Santo Adrião, Olival Basto e Amora.
Na apresentação do inquérito-piloto aos inquiridos, o INE explicava que Portugal é uma sociedade com pessoas de diversas origens. "Pretende-se melhorar a informação sobre essa diversidade na sociedade portuguesa, pelo que gostaríamos que respondesse a algumas questões sobre a forma como se identifica relativamente à sua origem, pertença, história ou percurso familiar", lê-se no questionário, antes da pergunta a "qual dos grupos considera pertencer: asiático, branco, cigano, negro, origem ou pertença mista". "São questões sensíveis, num estudo pioneiro", salientou um dos responsáveis pelo inquérito.
A escolaridade, religião, profissão, vínculo laboral e tipo de alojamento são outras questões também aplicadas relativamente aos familiares. Um dos blocos de perguntas que fez parte do estudo inicial e que será mantido no inquérito final (embora possa ter outra formatação) é o que corresponde à discriminação. O INE quer saber se os estrangeiros que vivem em Portugal já foram discriminados e com que frequência.
EM DETALHE
Escolha das freguesias
As freguesias do inquérito-piloto são as que têm maior incidência de residentes com trajetórias migratórias de vários continentes.
Combate ao racismo
Na "explicação" do questionário, o INE refere que o combate ao racismo e à discriminação são uma prioridade da Estratégia Nacional de Combate ao Racismo e também do Plano Europeu contra o Racismo.
Apoiar políticas
O questionário pretende recolher dados "com o intuito de produzir e apoiar na definição de políticas públicas", lê-se no documento. A análise à diversidade étnica esteve para ser integrada no Censos 2021, mas a possibilidade acabou por ser afastada pelo INE.