A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde decidiu arquivar o processo de inquérito instaurado ao pneumologista Filipe Froes, ex-coordenador do gabinete de crise para a covid-19 da Ordem dos Médicos, para averiguar potenciais incompatibilidades entre as suas funções e os honorários que recebeu da indústria farmacêutica.
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Filipe Froes, diretor do serviço de Cuidados Intensivos do Hospital Pulido Valente, e um dos principais protagonistas da informação sobre a evolução da pandemia e as vacinas covid-19, foi notificado da decisão da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) no passado dia 9. O despacho de arquivamento do processo de inquérito, assinado pelo inspetor-geral António Carlos Carapeto, data de 3 de agosto.
O processo foi instaurado depois do jornal Expresso ter divulgado, em agosto de 2021, que o médico teria recebido, desde 2013, 385 mil euros por participações em palestras, conferências e estudos de investigação financiados pela indústria farmacêutica, nomeadamente por laboratórios como a Pfizer e a AstraZeneca, os primeiros a lançar no mercado as vacinas contra a covid-19.
O inquérito abordou a colaboração de Filipe Froes com as farmacêuticas e potenciais conflitos de interesses pelos honorários recebidos no âmbito da prestação de serviços por palestras, conferências e financiamentos de estudos da iniciativa do investigador e o regime de trabalho como médico do SNS, em dedicação exclusiva, bem como a participação numa empresa de ensino, formação e investigação em saúde e sem qualquer atividade de prestação de cuidados médicos,
Os potenciais conflitos de interesse entre o pneumologista, que sempre defendeu a vacinação contra a covid-19, e os laboratórios foram analisados pela IGAS que decidiu pelo "arquivamento dos autos por não haver indícios de infração disciplinar imputável ao visado", como noticiou o Diário de Notícias.
"Reconhecimento do valor da ciência"
Ao JN, Filipe Froes disse ter ficado "muito satisfeito" com o desfecho. "Foi dado um passo muito significativo na inexistência de qualquer dúvida sobre a fundamentação e a isenção científica das minhas intervenções na comunicação social, bem como da intervenção de todas as outras pessoas que, igualmente, defenderam a ciência".
O médico acrescentou que "o mais importante é o reconhecimento do valor da ciência e do conhecimento científico no combate à pandemia e na mitigação das suas consequências tão nefastas, que só em Portugal foi responsável pelo falecimento de cerca de 27 mil pessoas".