Uma equipa de investigadores associados ao Centro Algoritmi e ao Departamento de Informática da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, em Braga, está a utilizar técnicas de inteligência artificial para ajudar pessoas com deficiência a enfrentarem diferentes obstáculos do dia-a-dia, nomeadamente no que toca a acessibilidades nas ruas, estradas, instituições ou espaços culturais
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O trabalho, que inclui preocupações sociais como acesso ao emprego ou apoio escolar, faz parte do projeto europeu "Risewise", que junta mais cinco academias e organizações não governamentais de Espanha, Itália, Turquia, Suécia e Áustria.
Através da experiência adquirida com o intercâmbio entre investigadores, especialistas em inovação tecnológica e profissionais de organizações do espaço europeu, o projeto permitiu identificar um conjunto de boas práticas que poderão ser replicadas ou adaptadas a cada país envolvido. Segundo Paulo Novais, investigador do Centro Algoritmi, o projeto que está agora a terminar, após quatro anos de trabalho, "esteve sustentado em missões, em vivências noutras instituições, obrigando as academias a irem ao terreno".
António Silva, investigador que esteve uma temporada em Madrid, Espanha, foi "sensibilizado para a questão dos atropelamentos" e, através da inteligência artificial, dedicou-se a desenvolver um modelo de deteção de objetos que pode ser fundamental, por exemplo, para pessoas invisuais. "Mesmo que, por vezes, não se apercebam da presença de um carro, desenvolvemos sensores que podem alertar as pessoas, dar ordens", explica o engenheiro, sublinhando que esta tecnologia, já associada à condução autónoma, tem uma noção de profundidade que permite detetar obstáculos que não estão, por vezes, visíveis aos olhos do condutor ou do peão.
As pessoas com deficiência são um público muito vulnerável. As barreiras não são só físicas
Já Francisco Marcondes, outro investigador, recorre à inteligência artificial para analisar discursos que podem ser violentos e representar situações de bullying ou cyberbullying. "As pessoas com deficiência são um público muito vulnerável. As barreiras não são só físicas", alerta Paulo Novais, ladeado por Marco Gomes, Dalila Durães, Pedro Oliveira, entre outros especialistas que desenvolveram soluções tecnológicas que, agora, esperam que sejam consideradas pelos decisores políticos.
"São problemas concretos para as pessoas que foram levantados e pretende-se atacar algumas destas questões", refere Paulo Novais, adiantando que, além de engenheiros, envolveu no projeto "Risewise" profissionais das escolas de Direito, Educação e Arquitetura, num total de 25 pessoas. A Fraterna, sediada em Guimarães, foi a instituição social portuguesa parceira.