Investigadores ganham 25 mil euros para estudar papel do microbioma na esclerose múltipla
Uma equipa de investigadores de Lisboa e do Porto ganhou uma bolsa no valor de 25 mil euros para investigar formas de intervenção clínica na esclerose múltipla. A transplantação fecal poderá aliviar sintomas.
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O projeto de investigação, intitulado “Manipulação do microbioma para reduzir psicopatologia na esclerose múltipla”, foi o vencedor do prémio de 25 mil euros da 4.ª edição da Bolsa Nacional para Projetos de Investigação em Microbiota, e, ao longo de um ano e meio, vai investigar novas formas de intervenção clínica na esclerose múltipla.
A esclerose múltipla é uma doença neurodegenerativa autoimune crónica e a principal causa de incapacidade neurológica não traumática, que se manifesta principalmente em jovens adultos. A líder da equipa, professora Adelaide Fernandes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, afirma que “a idade de início da doença é um fator determinante de piores episódios de recaída com um curso progressivo mais rápido e perda de eficácia terapêutica”.
Segundo Adelaide Fernandes, os investigadores vão usar ratos para “modular o [seu] microbioma intestinal” através do transplante de fezes, com o objetivo de aliviar os sintomas e reduzir a patogénese da doença. Afirma que este pode ser “um primeiro passo para melhorar a qualidade de vida dos doentes com esclerose múltipla, ao retardar ou parar a evolução da doença”. O microbioma consiste numa comunidade de microorganismos que se encontram nas superficies corporais, especialmente nos intestinos, boca e vagina.
O projeto pretende também preencher lacunas no tema da interação entre o microbioma intestinal e o sistema nervoso em doenças autoimunes, como a alteração do microbioma em função da idade e o seu impacto no surgimento e progressão dos sintomas.
A equipa é constituída por Adelaide Fernandes e André Santos do Instituto de Investigação do Medicamento e da Faculdade Farmácia da Universidade de Lisboa; e por Ana Rita Ribeiro, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, Universidade do Porto.
A Bolsa Nacional para Projetos de Investigação em Microbiota é atribuída pela Biocodex Microbiota Foundation (BMF). Internacionalmente, e nos últimos cinco anos, a BMF distinguiu diversos projetos relacionados com microbiota, como projetos na área das doenças inflamatórias intestinais e o papel crucial da microbiota; microbiota nas doenças hepáticas; sobre a relação entre a microbiota alterada e a obesidade infantil; microbiota e cancro e o eixo intestino-cérebro.