Tratamento implica manipulação das células em laboratórios fora de Portugal. Só esta "viagem" fica por 300 mil euros. Há mais cancros com indicação para a terapêutica e mais cedo. Instituição já tratou 50 adultos e avança para as crianças.
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Os tratamentos com células CAR-T, capazes de mudar o prognóstico de cancros de sangue graves e dados como incuráveis, têm cada vez mais indicações terapêuticas e para utilização em fases mais precoces. O que significa que o leque de doentes elegíveis vai disparar nos próximos tempos, colocando um problema de sustentabilidade aos hospitais e ao Serviço Nacional de Saúde (SNS). O IPO do Porto prepara-se para tentar contornar “a toxicidade financeira” desta terapêutica, produzindo-a “em casa”, de forma a reduzir para menos de metade os custos associados à manipulação das células no estrangeiro.
“É um desafio de futuro, mas esperamos que não seja muito longínquo”, afirmou, ao JN, Júlio Oliveira, presidente do Conselho de Administração do IPO do Porto. Em 2019, aquele hospital foi o primeiro do país certificado para CAR-T e, na semana passada, tratou o doente número 50. Os desafios não ficam por aqui: alargar os tratamentos CAR-T à pediatria, tal como o IPO de Lisboa já fez [ler texto ao lado], e trazer para a instituição ensaios clínicos com tumores sólidos também estão em cima da mesa.