No último dia de campanha eleitoral, o secretário-geral do PCP desvalorizou mais uma vez as sondagens e não concretizou se estará ou não disponível para uma nova solução governativa. Jerónimo de Sousa afirmou que "ainda não está a fazer contas", mas mostrou-se disponível para falar com o PS a partir de segunda-feira.
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O dia começou cinzento na freguesia de Boelhe, em Penafiel, mas o líder comunista garantiu que está "empenhadíssimo" até ao fim. É a última oportunidade que os partidos têm para apelar ao voto nas eleições legislativas do próximo domingo. Após uma visita à empresa familiar Granitos de Boelhe, Jerónimo de Sousa não quis perspetivar o dia após o 6 de outubro, mas admitiu estar disponível para falar, no sentido de continuar o trabalho concretizado durante os últimos quatro anos.
"Com certeza que falaremos com o PS como falaremos com outras forças políticas, na certeza que procuraremos dar uma contribuição fundamental para que as coisas avancem, para que esta política de reposição de rendimentos e direitos tenha um seguimento na próxima legislatura", afirmou.
As últimas sondagens da Pitagórica para o JN apontam para a vitória do Partido Socialista, sem maioria absoluta, mas a precisar de pelo menos um parceiro para governar. O secretário-geral do PCP continuou fiel à posição que tem tido ao longo da campanha: não comenta sondagens, até porque considera que "as sondagens por enquanto ainda não votam" e, pela sua experiência, "o grau de falhanço tem sido notório".
"Nós neste momento ainda não estamos a fazer contas, estamos a aguardar pelo resultado, e em conformidade com esse resultado e com a arrumação de forças que se verificar na Assembleia da República, que o processo se desenvolverá", considerou.
O nevoeiro e o céu escuro da manhã não refletem, de acordo com Jerónimo de Sousa, aquilo que foram as últimas semanas na estrada. O secretário-geral do PCP reconheceu que foi uma campanha "de uma grande intensidade", sem grandes incidentes, onde o próprio revelou uma "grande disponibilidade", com "força anímica e física".
Foi precisamente a força física dos trabalhadores da empresa Granitos de Boelhe que impressionou o líder comunista. Durante a visita, cumprimentou um a um os cerca de 30 homens que interromperam o trabalham e descalçaram a luva para receber Jerónimo de Sousa e a restante comitiva, entre os quais os candidatos da CDU ao distrito do Porto e de Lisboa. "Está rijo", exclamou com a mão no braço de um dos trabalhadores.
O secretário-geral do PCP alertou para a realidade de um "trabalho pesado" com uma "exigência física muito grande" e que traz problemas para a saúde devido ao pó e ao ruído que dominam a pedreira. Por isso, quer uma reforma antecipada sem penalizações para estes profissionais.