Jerónimo de Sousa culpa sanções à Rússia pelo aumento de preços e pede fim da guerra
O secretário-geral do PCP condenou as sanções da União Europeia e dos EUA à Rússia pelo aumento dos preços da energia e bens de consumo em Portugal. "A escalada da guerra na Ucrânia e a espiral de sanções são indissociáveis da desenfreada especulação e aumento dos preços de energia, alimentos e outros bens de primeira necessidade".
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O secretário-geral do PCP defende a implementação, já este mês, de medidas para combater a escalada de preços. A redução do IVA da eletricidade e do gás para os 6%, um spread máximo nas taxas nos créditos à habitação, a fixação de preços máximos nos combustíveis, bens alimentares e energia e o aumento imediato de salários e pensões numa percentagem que assegure a reposição do poder de compra foram as principais medidas apresentadas por Jerónimo de Sousa no encerramento da Festa do Avante.
Jerónimo de Sousa reclama uma "mais justa distribuição da riqueza através da tributação extraordinária dos lucros dos grupos económicos para que uma parte substancial do lucro acumulado nos primeiros seis meses possa reverter para investimento público".
"Os grandes grupos de distribuição acumularam lucros como nunca. Esta fúria exploradora e especulativa que avança impune tem que ser travada. O Governo pode e deve intervir e não esconder-se como defendem PSD, CDS, IL, e Chega", criticou Jerónimo.
Como medida de fundo, o secretário-geral do PCP voltou a exigir o aumento do salário mínimo para os 800 euros, para "contrariar o efeito da inflação na degradação das condições de vida". Jerónimo congratulou-se pela concretização da proposta do PCP de creches gratuitas, "mas ainda sem ser plena. De fora ficam milhares de crianças porque o PS resiste em criar uma indispensável rede pública de creches", afirmou.
No discurso de encerramento do Avante, Jerónimo pediu "uma outra dimensão ao investimento público em acentuado declínio há anos". Frisou que o estado atual do Serviço Nacional de Saúde é "retrato da política prosseguida por anos pelo PS, tal como PSD e CDS e que os seus sucedâneos do IL e Chega aspiram prosseguir". Em alternativa, reclama a valorização das carreiras e um regime de dedicação exclusiva ao SNS.
Jerónimo de Sousa apontou às "falsas soluções da dita Agenda do trabalho digno do Governo" pela resistência em repor os direitos retirados aos trabalhadores pelos anteriores Governos. "Uma proposta que mantém as normas gravosas do Código de Trabalho e que em vez de combater a precariedade, tolera-a e dá-lhe nova vida. Recusa a reposição do pagamento das horas extraordinárias ou limitações aos despedimentos", lamentou o secretário-geral do PCP.
Jerónimo de Sousa disse que nos últimos anos, o PCP conseguiu "avanços na reposição e reconquista de direitos, creche e manuais gratuitos, aumentos nas reformas, passes sociais mais baratos, mas enfrentámos a cada passo a resistência dos então governos minoritários do PS. Foi essa resistência e a submissão do PS à União Europeia que levou o PS a provocar uma crise política com o objetivo de obter uma maioria absoluta e retomar a sua política com o apoio de forças retrógradas e reacionárias".
No plano internacional, o secretário-geral do PCP condenou as sanções da União Europeia e EUA à Rússia pelo aumento dos preços dos bens de consumo em Portugal. "A escalada da guerra na Ucrânia e a espiral de sanções são indissociáveis da desenfreada especulação e aumento dos preços de energia, alimentos e outros bens de primeira necessidade".
Jerónimo de Sousa afirmou que o PCP estar "desde a primeira hora ao lado da paz e contra a guerra, razão pela qual o PCP defende uma solução política para o fim do conflito".