Jerónimo de Sousa acusou esta quinta-feira, em Gaia, os eleitos do PS de se "deixarem amordaçar para não incomodar o Governo" e respondeu a críticas de António Costa dizendo que acusar a CDU de não trabalhar é "única forma que encontram para defender o seu projeto de falsa descentralização". Além disso, defendeu que a habitação é um problema "sério de mais para ser jogado demagogicamente como trunfo eleitoral pelo PS" e acusou a Área Metropolitana do Porto de "incompetência".
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O secretário-geral do PCP, que falava num comício em Gaia, onde Diana Ferreira é candidata à Câmara, destacou que "o Governo prefere quem, como os eleitos do PS, opte por calar e silenciar os incumprimentos e desleixos do seu Governo". Mas "não contem com os eleitos da CDU para se deixarem amordaçar como fazem os do PS para não incomodar o seu Governo e a falta de resposta e incumprimentos que este mantém", assegurou num recado ao partido de António Costa.
"Há por aí algumas vozes muito incomodadas porque a CDU não abdica desta postura de exigir a quem tem responsabilidades e a respetiva competência institucional para dar resposta aos problemas. Ouvimos essas vozes replicadas na comunicação social nestes últimos dois dias. A única forma que encontram para defender o seu projeto de falsa descentralização foi acusar a CDU de apenas exigir e não trabalhar. A primeira coisa que me ocorre afirmar é que a CDU pede meças em termos de trabalho e obra seja aonde for", continuou na resposta ao líder socialista.
Apelando à eleição de mais candidatos da CDU a 26 deste mês, Jerónimo de Sousa destacou que no concelho de Gaia, "o mais populoso do Norte do país, o direito à habitação não está assegurado". Por isso, a CDU "exige respostas sérias, de fundo, que não sejam orientadas para a especulação imobiliária nem para os grandes interesses económicos, mas respondam às necessidades da população"
"Gaia, tal como a Área Metropolitana do Porto (AMP), não pode estar orientada para ter casas de luxo para os ricos e habitação degradada para os trabalhadores. A habitação é um direito, e a existência de mais de duas mil famílias com carência de habitação em Gaia é uma realidade que é resultado das políticas do PS e PSD nos seus governos e aqui", criticou também, lembrando que este setor "é um problema sério a requerer investimento do Estado e intervenção das autarquias".
"Demagogia do Governo e incompetência da AMP"
"Um problema sério de mais para ser jogado demagogicamente como trunfo eleitoral pelo PS e o seu Governo prometendo mundos e fundos em nome de um plano de recuperação e resiliência (PRR) que, para a habitação, não tem, e o Governo sabe que não tem, os montantes financeiros suficientes para corresponder por inteiro à dimensão da carência habitacional no país à propaganda que andam a fazer".
Nos transportes, o líder comunista nota que "o passe único precisa continuar a ser valorizado e defendido, reclamando do Governo o justo financiamento e não permitindo que a incompetência da Área Metropolitana do Porto ou as lutas de protagonismos entre autarcas da região prejudiquem esta medida que permitiu a muitas famílias importantes poupanças nos seus modestos salários."
Precisamos de consolidar o passe único e planificar o seu alargamento de forma articulada com outras respostas na mobilidade ao nível metropolitano, como o desenvolvimento de novas linhas do metro ou defendendo a STCP como operador interno e alargando o seu serviço no concelho de Gaia, garantindo ligações às diversas freguesias.
No passe único recordou ainda que, "durante mais de 20 anos, propusemos e enfrentámos a oposição do PS, do PSD e até a indiferença do BE".
Tempo houve ainda para defender a reposição de freguesias e a criação de regiões administrativas. Explicou que a CDU é uma força que exige "a descentralização do poder, designadamente por via da regionalização, mas que se opõe à desresponsabilização do Estado que atira para os municípios despesas e responsabilidades sem lhes dar as condições financeiras, promovendo e acentuando injustiças e desigualdades territoriais e sociais".
Diana Ferreira contra Gaia "a várias velocidades"
A candidata à Câmara, Diana Ferreira, disse que Gaia "é um concelho a várias velocidades", quando deveria ser "uma cidade mais coesa".
"Não queremos uma cidade onde seja difícil morar porque a habitação não é acessível - seja porque não há habitação pública que responda às necessidades, seja porque os preços das rendas são incomportáveis para os trabalhadores e as famílias do concelho", defendeu a candidata.
Diana Ferreira defende "o direito constitucional à habitação, a uma habitação condigna, a preços acessíveis". "Um caminho que reconheça a necessidade de mais habitação pública", que "que tome medidas no sentido de garantir condições para reabilitação das habitações, que combata firmemente a especulação imobiliária, não entregando a cidade aos interesses económicos de quem quer encher os bolsos à custa de direitos fundamentais". E "não esquecemos como foram expulsos os moradores da beira-rio e o que lá se instalou a seguir, como não esquecemos como foram expulsos os moradores da Escarpa da Serra, que lá moravam há décadas", recordou ainda.
A CDU promete também continuar a lutar pela reposição das freguesias e por uma rede de transportes públicos "devidamente articulada, coerente e de qualidade".
"Além da necessária estratégia metropolitana para os transportes, em Gaia é fundamental que existam horários que sirvam as necessidades de deslocação, não só para a escola ou para o emprego, mas também para outras atividades que fazem parte, como actividades culturais, desportivas, de lazer", explicou Diana Ferreira no comício da CDU.