No dia em que as alterações à legislação laboral entraram em vigor, Jerónimo de Sousa afirmou que mudanças são "uma derrota do Partido Socialista". O secretário-geral do PCP esteve com trabalhadores da Randstat e EDP, no Lumiar, e do entreposto da Sonae, na Azambuja, e lembrou que "os direitos não se perdem para todo o sempre".
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O turno acabou às 17 horas. Centenas de trabalhadores saem pelos torniquetes, apressados. São surpreendidos por um sem-número de militantes e candidatos da CDU que entregam panfletos com medidas e propostas para a póxima legislatura. Entre eles, Jerónimo de Sousa, que aperta a mão a todos os que procuram cumprimentá-lo.
O dia de trabalho acabou, mas não para todos. O secretário-geral do PCP está "na luta" pelo reforço da CDU, mas também pelos trabalhadores. O momento fê-lo regressar ao passado de operário. A única diferença, salienta, é que na altura "não havia quem desse papéis à porta das empresas porque era proibido". Ainda assim, o sentimento é o mesmo. "Ver esta força de trabalho que sai com profundas preocupações em relação à sua vida, a questão dos salários é uma pedra de toque fundamental para eles e assim lutei muito", recordou, no final da iniciativa junto aos armazéns da Sonae, na Azambuja.
O mês de outubro chegou com a entrada em vigor das alterações ao Código de Trabalho, mudanças duramente condenadas pelo PCP e PEV. Jerónimo de Sousa aproveitou o dia de campanha para estar ao lado dos trabalhadores e criticou os baixos salários, a subcontratação, o ataque à contratação coletiva e o trabalho temporário. "Em Portugal, muitas vezes, existe este fenómeno de trabalhar empobrecendo", lamentou.
Na entreposto da Sonae, na Azambuja, há cerca de 2100 trabalhadores nas áreas de logística e distribuição. De acordo com Sónia Santos, funcionária da empresa e membro do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), 30 a 40% estão com um vínculo de trabalho temporário. "Há quem esteja nesta situação há cinco anos", denuncia, explicando que os trabalhadores são dispensados pela empresa de trabalho temporário num dia e no outro volta ao serviço de outra dessas empresas.
O secretário-geral do PCP ouviu as queixas dos trabalhadores e firmou-se ao lado da luta. "Vamos fazer todos os esforços institucionais que nos sejam possíveis, mas confiámos profundamente que serão os trabalhadores a conseguir alterar as malfeitorias agora feitas", afirmou. Jerónimo de Sousa sublinhou que com "uma CDU reforçada", é "possível reverter" as medidas de "agravamento da precariedade".