João Paulo Catarino: "500 milhões para reabilitar infraestruturas para reduzir perdas de água"
As perdas de água são uma das preocupações do Governo e o secretário de Estado, João Paulo Catarino, dá conta de que, no Portugal 20-30, estão inscritos 500 milhões de euros para a reabilitação de infraestruturas, de forma a reduzir substancialmente esse problema.
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Entre as medidas de mitigação, recomendaram a subida de tarifário em determinados municípios, nomeadamente do interior, cuja adesão foi praticamente nula. Onde fica a coesão territorial?
Há uma recomendação, mas é uma decisão que cabe aos municípios. Se oferecemos a água de graça, mesmo quando a não temos ou temos muito pouca, as pessoas, obviamente, tendem a não a valorizar.
A água é, portanto, barata.
Há casos e casos, mas são muito mais os casos em que a água é muito mais barata e não reflete, no mínimo, os preços da manutenção e os municípios deviam ter isso em conta. Até porque muitos desses municípios acabam por ter sistemas muito antigos e precisam de fortes investimentos, porque têm grandes perdas de água. Nalguns municípios, perdemos 50% da água e isso não pode acontecer. Por isso, temos, no Portugal 2030, 500 milhões de euros para que possam reabilitar um conjunto de infraestruturas para reduzir substancialmente as perdas que têm no sistema.
No último Conselho Nacional da Água confrontaram-se visões muito distintas. Por um lado, pediram-se mais barragens; por outro, uma maior eficiência e gestão hídrica. Como se faz essa gestão com a agricultura nacional, o setor que mais água consome e mais perde?
Em relação à agricultura, é justo reconhecer que, tanto neste Quadro Comunitário como no próximo, tem alocada uma verba muito significativa para aumento de eficiência hídrica dos sistemas de rega públicos. E isto, constatando aquilo que está a dizer, em que a maior parte dos nossos perímetros de rega é das décadas de 50 e 60, onde se perde, no mínimo, 30% da água. Nos planos de gestão de recursos hídricos do Algarve e do Alentejo, o que está pensado é fazer essa avaliação.
Em que sentido?
Temos que saber qual é a água que precisamos para todos os usos - consumo urbano, agricultura, indústria, caudais ecológicos -, quantificar toda essa água, quantificar a água que temos e a previsibilidade de água que vamos ter nos próximos anos e, depois, perspetivar quanta conseguimos, aumentando a eficiência dos sistemas. Só depois é que vamos ver qual é a água que temos para aumentar, eventualmente, em cada uma das áreas, nomeadamente na agricultura. É esta a decisão do senhor ministro do Ambiente, que é fechar a equação. Se não tivermos a conta feita, não podemos assumir compromisso de fazer mais.