José Luís Carneiro desafia Montenegro a demitir ministra da Saúde: "Não tem condições"

José Luís Carneiro foi mais longe e repetiu a crítica de que o Executivo de Montenegro traz à mesa temas que não são problemas reais da população, em vez de se focar em questões prioritárias
Foto: Filipe Amorim/Lusa
O secretário-geral do Partido Socialista apontou as baterias à ministra da Saúde, desafiando o primeiro-ministro a afastar Ana Paula Martins.
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Foi com "estupefação" que o Partido Socialista recebeu a notícia avançada esta quarta-feira pelo jornal "Público", que dá conta de que a direção executiva do SNS instruiu os administradores hospitalares a cortarem na despesa, mesmo que isso implique abrandar consultas e cirurgias. A orientação, "de uma gravidade inaudita", visa cortar o investimento "numa área vital para a vida das pessoas", considerou José Luís Carneiro, que falou ao final da manhã desta quarta-feira, numa conferência de imprensa convocada a propósito do tema.
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O secretário-geral do PS lembrou que "o caos já estava instalado na gestão da emergência hospitalar" e que, por isso mesmo, os socialistas apresentaram, ainda antes do verão, uma proposta para a coordenação da emergência hospitalar inspirada em práticas internacionais, que continuará ainda sem resposta, e alertaram para "opções políticas" pelas quais o Governo está a optar no Orçamento do Estado para o próximo ano.
"No nosso entender, alguém devia ter a gentileza de transmitir à ministra da Saúde que não tem condições, que perdeu a autoridade política", atirou Carneiro, acrescentando que "o primeiro e último responsável do Governo é o primeiro-ministro", a quem imputou a responsabilidade de afastar Ana Paula Martins.
"Indesculpável"
"É ao primeiro-ministro que que compete decidir se a ministra da Saúde deve ou não continuar", reiterou o secretário-geral do PS, defendendo que a atual situação na Saúde é "indesculpável" e de "maior gravidade", tendo em conta a postura de Luís Montenegro quando estava na oposição e quando o PS, então no Governo, dizia que este era um tema complexo que exigia tempo.
José Luís Carneiro foi mais longe e repetiu a crítica de que o Executivo de Montenegro traz à mesa temas que não são problemas reais da população, em vez de se focar em questões prioritárias. "Por vezes dá-nos a impressão de que o primeiro-ministro, ao colocar na agenda temas como a lei da nacionalidade e a lei dos estrangeiros, está a desviar as atenções da vida das pessoas", asseverando, voltando a considerar que salvaguarda do SNS e da vida humana é "vital".
"Quando vemos estas notícias, é claro que não nos podemos calar. Temos de mostrar a nossa profunda indignação. O Governo deve assumir a prioridade do investimento naquela que é uma área vital", rematou Carneiro, depois de destacar também a "inconcebível nova normalidade" que obriga mulheres grávidas a andarem "de terra em terra para dar à luz", sem que possam recorrer a um hospital do SNS com "segurança" ou "previsibilidade".

