O Papa Francisco recebeu este sábado, em audiência, D. José Ornelas, Bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. A agenda papal tornada pública mostra que também D. Ivo Scapolo, Núncio Apostólico em Portugal, teve um encontro com o Papa esta manhã no Vaticano. O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, padre Manuel Barbosa, garante que se tratou de uma "grande coincidência".
Corpo do artigo
"Foi uma grande coincidência o D. José Ornelas ter encontrado o Núncio Apostólico no Vaticano. Não havia nada combinado", disse ao JN o padre Manuel Barbosa, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
"A audiência do presidente da CEP estava marcada para hoje e destinou-se a informar o Papa Francisco sobre a vida da Igreja em Portugal. Tudo o resto foi uma coincidência", afirmou.
O encontro do Papa com D. José Ornelas ocorre no dia em que a Procuradoria-Geral da república confirma que há uma investigação a decorrer sobre o bispo de Fátima devido ao alegado encobrimento de pelo menos um caso de abusos sexuais ocorridos há mais de dez anos, em Moçambique, quando era o alto representante da congregação dos Dehonianos. E numa altura em que a Igreja também se confronta com uma acusação contra D. Ximenes Belo, antigo bispo de Timor, agora em parte incerta.
Como responsável pela congregação, o agora Bispo de Fátima não terá tomado as diligências necessárias para afastar e denunciar à justiça o padre italiano que dirigia o orfanato onde os alegados abusos terão ocorrido.
Alegadamente por não ter denunciado à Justiça os abusos sexuais, também o cardeal Patriarca de Lisboa foi de urgência a Roma ter uma audiência com o Papa Francisco, em agosto. D. Manuel Clemente é acusado de ter protegido o sacerdote que abusou de um rapaz, mantendo o padre no ativo e sem fazer queixa dele à justiça.
Abusos de D.Ximenes
Os alegados abusos por parte de Ximenes Belo terão ocorrido na década de 80, antes de ser nomeado bispo, quando ainda era superior nos Salesianos de Dom Bosco, em Dili, e foram denunciados em 2002, no ano em que resignou. O prelado, de acordo com as denúncias, terá mesmo dado dinheiro a alguns rapazes para garantir o seu silêncio.
Em novembro de 2002, D. Ximenes anunciou a resignação do cargo, alegando problemas de saúde e a necessidade de um longo período de recuperação. Na altura, o Papa João Paulo II aceitou a resignação em 24 horas, tendo a rapidez da resposta papal causado alguma estranheza na hierarquia católica.
15215837