O bispo de Leiria-Fátima reitera, na sua mensagem para a Quaresma, o pedido de perdão às vítimas de abusos na Igreja e defende que "tomar a sério este drama" será uma forma de a instituição se "purificar e transformar positivamente".
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"Deixar-se converter significa igualmente fazer justiça a esse sofrimento, tomando todas as medidas para evitar que se repitam e, na medida do possível, tratar igualmente daqueles que foram autores desses atos", salienta D. José Ornelas, que assume "a revolta e a humilhação pelos abusos sexuais" perpetrados por membros da Igreja em Portugal.
Sem entrar em polémicas sobre números, porque, alega, "qualquer caso é uma enormidade injusta e dramática na vida de cada pessoa que foi vítima", D. José Ornelas diz que "não podemos deixar de repudiar, lamentar e pedir perdão a quem foi objeto de cada um destes repugnantes atos".
O bispo, que preside também à Conferência Episcopal Portuguesa, salienta, no entanto, que o repúdio só tem sentido se for acompanhado de "uma atitude ativa de não-resignação", com medidas concretas de apoio aos vítimas, indo "ao encontro de quem foi tão injustamente tratado e corajosamente se ergueu para denunciar, colaborando na reconstrução das suas vidas".
Na sua mensagem para a Quaresma, D. José Ornelas aborda também a Jornada Mundial da Juventude, que considera ser "uma expressão de sinodalidade" e "uma ocasião única de fazer a experiência de uma Igreja que fala todas as línguas e se exprime em todas as culturas da terra". Nesse sentido, o bispo apela ao envolvimento de "todos", quer no acolhimento dos milhares de jovens esperados em Portugal no próximo verão, quer colaborando para essa "festa da juventude".
O processo sinodal em curso na Igreja é outro dos assuntos abordados na mensagem do bispo de Leiria-Fátima, para quem esta é uma oportunidade para "renovar cada paróquia, cada vigararia e diocese e a Igreja" no mundo, "através da participação ativa de todos na vida da sua comunidade".
O bispo anuncia ainda que as verbas angariadas na Diocese de Leiria-Fátima através da renúncia quaresmal serão canalizadas para apoio às vítimas da guerra da Ucrânia e do sismo que atingiu a Turquia e a Síria, de forma "a minorar o sofrimento destas populações devastadas pela guerra e pelos desastres naturais"