Faltam cursos técnicos e saúde mental é um problema sério entre a população mais nova.
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Mais de 53% dos jovens têm contratos precários, salários baixos e, acima de tudo, falta-lhe um propósito desafiante. A análise é de Sandra Carvalho, que abriu o 2.º painel - “Desafios da Juventude, Captação e Retenção de Talento”. A diretora-executiva da Egor Norte põe o dedo na ferida e diz ainda que o país precisa de “mais cursos técnicos” e de “maior correspondência entre o que as empresas precisam e o que as universidades oferecem”.
“Temos cada vez menos crianças, uma população cada vez mais envelhecida e uma geração que é a mais qualificada de sempre e tem poucos desafios”, frisou.
“A fuga de talento para o estrangeiro é uma perda significativa para o país. Estamos a perder investimento em educação e formação e a fragilizar a nossa base de crescimento a longo prazo”, lembrou também o diretor da FEP, Óscar Afonso, que defende “um compromisso alargado entre público e privado” para criar oportunidades de emprego qualificado, oferecer perspetivas de progressão de carreira e garantir uma remuneração justa.
Num outro patamar, Portugal, explicou Sandra Carvalho, é dos países com maior percentagem de graduados em engenharia, mas faltam cursos técnicos, de robótica, de automação. Falta, diz, “linkagem” entre empresas e academia.
Depois, há o grave problema da precariedade e dos baixos salários (mais conjuntural), mas, acredita, a falta de propósito é o que mais leva os jovens a emigrar. “Querem aprender mais. Se não lhes damos desafios, eles perdem o propósito e saem”, acredita.
Sara Rodrigues, da Deloitte Portugal, confirma. O propósito e a contribuição da sua empresa para a sociedade pesa e muito na escolha do emprego e aqui à margem para melhorar. A consultora foi ouvir as preocupações dos jovens dos 19 aos 29 anos e dos 30 aos 41. O custo de vida está no topo da lista (50%), responsável, na maioria dos casos, pela emigração. Segue-se a saúde e a saúde mental. Depois, o desemprego, a crise climática e a instabilidade.
Há 64% que estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis. Os que acham que as organizações onde estão podem fazer mais são 90% e 42% já mudaram ou pensaram em mudar de emprego, porque nas suas empresas há espaço para melhorias. 50% consideram que têm uma boa saúde mental. Queixam-se de ansiedade e stress.