Na véspera da JMJ, um estudo da Pordata revela que, em 2022, uma grande maioria dos jovens, entre os 15 e os 24 anos, vivia com os pais
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O ano passado, 95% dos cerca de 1,09 milhões jovens, entre os 15 e os 24 anos, que residiam em Portugal, vivia com os pais. Um “valor que traduz uma mais difícil independência, sobretudo considerando que este valor era de 86%, em 2004”, aponta a Pordata. E que coloca Portugal em 4º lugar entre os estados-membros da União Europeia (UE) com os resultados mais altos. A difícil independência dos jovens reflete-se também na idade média de saída de casa dos pais: em 2022, era aos 30 anos, mais três do que a média europeia.
O estudo foi realizado pela Pordata com vista a compreender a escolaridade, ocupação e o modo de vida dos jovens, entre os 15 e os 24 anos, em Portugal, a propósito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que arrancará já esta terça-feira e decorre até ao domingo, 6 de agosto. Foram cruzados dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), do Eurostat e da própria base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Por seu turno, os jovens em Portugal são cada vez mais qualificados: nove em cada 10, entre os 20 e os 24 anos, completaram, no mínimo, o ensino secundário. Portugal posiciona-se em 7.º lugar entre os países da UE com maior proporção de jovens com ensino superior, acima da média europeia. E, quanto maior o grau de escolaridade, mais satisfeitos estão com a vida em geral, revela o estudo. Uma correlação que é menos visível na média europeia.
Por sinal, o estudo salienta que o acesso à habitação e ao emprego são as preocupações que continuam a afetar mais os jovens. Os dados mostram que um em cada 10 jovens empregados têm vínculos de trabalho precários. A taxa de desemprego jovem em Portugal é a sétima mais alta entre os países da UE, afetando um em cada cinco no mercado de trabalho.
Já os salários, são mais baixos em comparação com a população em geral: em 2021, um jovem entre os 18 e os 24 anos, recebia mensalmente 948,8 euros brutos, menos 345,3 euros do que a média nacional. No ano passado, 246 mil jovens, ou seja, quase um em cada quatro, estavam em situação de pobreza ou de exclusão social.
Sete em cada 10 católicos
Cerca de 71% dos jovens, sete em cada 10, afirmam-se católicos e 22%, dois em cada 10, dizem não ter religião, aponta a Pordata, com base nos Censos de 2021. Em geral, a última ação censitária mostrou que o número de católicos diminuiu 8,1% na última década, embora continuem a representar 80,2% da população e há mais pessoas sem religião, com 14,09% a declarar não ter religião.
Ligados à internet
Em linha com a realidade de praticamente todos os países da UE, quase todos os jovens utilizam no seu dia a dia a internet (99,5%), maioritariamente para uso das redes sociais, ler notícias “online”, e participar em atividades cívicas ou políticas.
É possível perceber ainda que os jovens têm competências digitais acima da média europeia.
Quanto aos hábitos de saúde deste grupo etário, o estudo mostra uma melhoria, uma vez que apenas um em cada três afirma nunca praticar desporto quando, em 2019, 40% não fazia exercício físico. Quase metade dos jovens dizem não consumir álcool (48%) e 9% fumam diariamente.