A fundadora do maior site de alimentação infantil em Portugal lançou uma petição pública que visa a regulamentação da alimentação das creches. Em menos de um mês, já conseguiu mais de 12 mil assinaturas.
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A ideia é ir mais longe do que já existe para o ensino público. "Pretende-se que seja criada uma lista de alimentos proibidos e permitidos nas creches. E darmos um passo mais à frente do que já se pratica na escola, para que essa lista também se aplique ao que as crianças levam de casa", explicou, ao JN, a fundadora do comidadebebe.pt, Carolina Almeida.
A petição surgiu com base na partilha de informações no site que Carolina Almeida criou em abril de 2020, que visa promover a alimentação infantil saudável e regista mais de 80 mil visitas por mês além da conta na rede social Instagram, que tem mais 44 mil seguidores.
O site começou como um passatempo. Mas rapidamente ganhou uma adesão que surpreendeu Carolina Almeida. "Surpreendeu-me sobretudo a velocidade com que cresceu. A ideia era dar apoio aos pais, porque havia pouca informação em português sobre alimentação saudável para bebés. Nunca pensei que tivesse esta recetividade", conta a fundadora de um site onde partilha receitas criadas pela própria para bebés a partir dos seis meses, além de disponibilizar cursos gratuitos online e informação como os efeitos do açúcar no desenvolvimento do paladar e as razões pelas quais muitas crianças se recusam a comer.
Foi quando a filha de Carolina entrou para a creche que percebeu a dimensão do problema. "Fiquei um pouco chocada quando vi as ementas", revela, lamentando que não se afaste das bolachas e das papas, que diz serem cheias de açúcar. "Comecei a pedir que me enviassem ementas de creches e aí o choque foi maior. Os lanches, por exemplo, são feitos pelas educadoras e não vão além do pão com fiambre ou manteiga, as bolachas, iogurtes de aromas ou papas", acrescenta.
Para inverter essa situação, Carolina Almeida decidiu lançar uma petição pública para que a alimentação nas creches também seja regulamentada, tal como acontece no ensino. "Atualmente, só existe um guia de boas práticas", lamenta.
Em menos de um mês, a petição já juntou 12.386 assinaturas. A ideia é que seja entregue no Parlamento. "Como já não conseguimos introduzir mudanças no próximo ano letivo, vamos continuar a recolher assinaturas, mesmo já tendo superado as 7.500 necessárias para que o diploma seja forçosamente discutido em plenário. Pensamos que, assim, a iniciativa terá mais peso", explica.