Um lar em Caneças, no concelho de Odivelas, regista 87 casos de covid-19, confirmou a diretora-geral da Saúde. "Os profissionais são os grandes vetores de entrada da doença nos lares", frisou Graça Freitas.
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Os lares de idosos continuam a ser um motivo de atenção e preocupação das autoridades de saúde, reiterou a diretora-geral da Saúde, esta segunda-feira, na conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia em Portugal.
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Graça Freitas confirmou a existência de um surto num lar de Caneças, no concelho de Odivelas, com 60 utentes e 27 funcionários infetados.
"Os profissionais são os grandes vetores da doença, da entrada da doença nos lares", alertou. "Muito mais do que as visitas", acrescentou Graça Freitas, para justificar a manutenção das visitas aos lares enquanto "elas cumprirem as regras".
A diretora-geral da Saúde deixou "um grande apelo" aos profissionais que trabalham nos lares e que, "muitas vezes, trabalham em mais do que uma instituição", para protegerem os idosos, "mais frágeis" perante a infeção do novo coronavírus.
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Odivelas é um dos cinco concelhos da região de Lisboa e Vale do Tejo - a par de Lisboa, Sintra, Amadora e Loures - que registam mas novos casos de infeção do novo coronavírus. Esta segunda-feira o primeiro-ministro António Costa reuniu com os autarcas destes municípios e, no final, anunciou mais restrições para conter a propagação da covid-19 que entram em vigor as 00.00 horas de terça-feira.
Os hospitais mais pressionados com aumento de casos de covid-19
Questionado na conferência de imprensa, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, confirmou os hospitais de Amadora-Sintra (Fernando Fonseca), de Loures (Beatriz Ângelo) e de Setúbal (São Bernardo) são os mais pressionados atualmente, registando ocupação de 93%, 100% e 86%, respetivamente.
Os "menos pressionados" são os hospitais de Lisboa Ocidental, com uma ocupação de 57%, o do Médio Tejo, com 26% e o de Lisboa Norte, com um valor entre os 75 e os 80%.
Já sobre as unidades de cuidados intensivos, o governante indicou que apresentam "uma taxa de ocupação de 59%", face à taxa de ocupação nacional que é de 63%. "Em 218 camas estão livres 89", adiantou Lacerda Sales.
Quanto "ao conjunto de camas livres afeto à covid" na Área Metropolitana de Lisboa, Lacerda Sales disse que "está pouco abaixo dos 50%".
O secretário de Estado da Saúde anunciou que cerca de 20 profissionais vão reforçar unidades de saúde da Amadora, Sintra, Loures e Odivelas, no âmbito da "realização de inquéritos epidemiológicos", uma ferramenta considerada crucial para identificar, isolar e quebrar cadeias de transmissão da covid-19.
"Muitos destes profissionais vão começar esta semana, prevendo-se assim também assegurar a mesma capacidade de resposta durante o período de férias", acrescentou o governante.
Convívio com regras
A responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS) reiterou mais uma vez a importância de todos cumprirem as "regras de convívio" para evitar o contágio da covid-19, que, defende, são aplicáveis tanto ao vizinho como ao "concelho ou país do lado" e implicam evitar "demasiada proximidade" entre pessoas.
Recorrendo à analogia dos incêndios, nós somos a palha. Se o vírus se aproximar de nós, vai-nos contagiar
"O vírus circula. Por mais que se faça, vai haver casos. Recorrendo à analogia dos incêndios, nós somos a palha. Se o vírus se aproximar de nós, vai-nos contagiar. A única forma de evitar o contágio é minimizar o contacto com os outros. Daí também a importância da rapidez [na comunicação às autoridades], de não deixar arrastar sintomas", afirmou Graça Freitas.
"Há regras de convívio, seja com o vizinho, com o concelho ou com o país do lado" e uma delas é que "diferentes grupos [de coabitantes] não devem conviver de perto", voltou a alertar.
Não tenho qualquer problema em pedir às pessoas que se afastem de mim se achar que estão muito próximas
"Não tenho qualquer problema em pedir às pessoas que se afastem de mim se achar que estão muito próximas. Porque não sei se estou infetada ou porque me podem contagiar. Vejo pessoas a falar veementemente em direção ao outro e isso não é adequado. É precisa etiqueta respiratória", observou Graça Freitas.
A responsável da DGS lembrou ainda a regra de "evitar partilha física", sejam "abraços, beijos", seja a "proximidade" ou "troca de objetos".
"É óbvio que os grupos de jovens, deixando de estar na escola [devido às férias], passam a estar em outros locais. Mas há regras de convívio. Ninguém impede que as pessoas convivam. Mas com regras", frisou.