
Leitão Amaro (à esquerda) e Ana Paula Martins (à direita)
Foto: Miguel A. Lopes / Lusa
O ministro da Presidência assegurou esta quarta-feira que "todos no Governo subscrevem integralmente" o apoio que Paulo Rangel manifestou à ministra da Saúde. Além disso, quando os médicos tarefeiros ameaçam com uma paralisação, Leitão Amaro pede que "mantenham espírito de serviço". O Governo mantém as alterações para o trabalho destes prestadores de serviço, alegando consenso nacional sobre a necessidade de mudança.
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Leitão Amaro atribuiu a Ana Paula Martins "um trabalho hercúleo" para solucionar um "problema dramático" no SNS, certo de que a ministra tem "capacidade e confiança" para desempenhar o cargo.
Disse ainda prever que "a espuma mediática" irá "passar, rebentar e desaparecer" brevemente.
Antes, o ministro da Presidência tinha recusado falar de "especulações que começam e acabam nos jornais" quando questionado sobre a alegada vontade da Saúde de deixar o Governo.
"Começam e acabam em redações, em comentário político, mas não existem nem no Governo, nem na preocupação das pessoas", afirmou.
Greve contra redução de valores
Leitão Amaro falou ainda sobre as novas regras para os médicos tarefeiros, que ameaçam paralisar as urgências durante três dias. Pediu-lhes que "mantenham o espírito de serviço".
A paralisação geral das urgências deverá durar pelo menos três dias, segundo noticiou o jornal "Público". Mais de mil médicos ameaçam com greve no SNS para contestar a intenção do Governo de baixar o valor pago por hora e de impor regras mais apertadas para a desvinculação do SNS. Em causa está a regulamentação do trabalho médico em prestação de serviços aprovada pelo Governo no final de outubro.
O ministro deixou claro que o Governo vai manter as alterações previstas para o trabalho dos médicos prestadores de serviço, alegando que há consenso nacional sobre a necessidade de mudar a atual situação.
"O Governo acredita muito no espírito de serviço, de defesa principal do interesse dos utentes que os médicos portugueses têm, todos eles", afirmou o ministro da Presidência. E desejou "que possam olhar para estas regras com alguma atenção" e que "mantenham o espírito de serviço e de cuidado aos utentes que vêm manifestando sempre e que o país tanto deve agradecer".
O ministro disse também acreditar que é "unânime o diagnóstico de que a situação que temos não é uma situação adequada". "E não estou apenas a falar dos abusos, estou a falar da situação de iniquidade e do nível de despesa que se atingiu com prestação de trabalho que não por médicos vinculados", referiu.
"Não é nenhuma apreciação valorativa sobre cada pessoa que está nessa situação. É sobre a iniquidade, a desigualdade de tratamento entre quem está vinculado com o Serviço Nacional de Saúde e quem não está e vai prestar serviços", sublinhou depois.
Segundo referiu, "cada um destes profissionais não pode e não deve ser estigmatizado" e "seguramente que está e procurou fazer o melhor pelo seu país, pelo seu serviço de saúde público, pelos utentes que atendeu". Porém, diz que até há duas semanas, quando o Executivo decidiu "apresentar uma proposta que resolve a iniquidade, a injustiça e os abusos" existia "um consenso nacional total de que a situação como está não pode ficar nem deve ficar".

