O presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, manifestou, este domingo, "absoluta confiança" na sua reeleição como líder e considerou que o partido está unido em torno da "construção de uma solução política" para o país.
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"Tenho absoluta confiança nisso, tenho absoluta confiança no partido, no trabalho que fizemos e também na visão que apresentamos ao partido para Portugal", afirmou, à chegada ao pavilhão Paz e Amizade, em Loures, onde termina hoje a IX Convenção Nacional da IL.
O líder, que se recandidata, defendeu que "não há nenhuma divisão" a nível interno, que o partido está "unido na construção de uma solução política para Portugal", e espera que isso fique "absolutamente claro a partir de agora". "Eu percebo que gostem de alimentar a ideia da divisão da Iniciativa Liberal. Mas nem existia, nem existe e, como verão hoje, nos resultados da votação, a Iniciativa Liberal está unida", salientou.
Rui Rocha disse esperar que esta convenção transmita "uma clarificação do partido, um sinal de união, um sinal de convicção, um sinal de muita energia que a Iniciativa Liberal vai passar ao país neste momento".
Sobre o opositor, Rui Malheiro, o presidente da IL disse estar disponível para se sentar à mesa "com todos", mas não no dia seguinte à reunião magna, que vai dedicar à família. "Mais para a frente, há sempre tempo para falarmos com todos, há sempre tempo para avaliarmos todas as propostas", indicou, sustentando que "os membros da Iniciativa Liberal têm todos o direito de participação, são todos ouvidos, têm todos o direito de contribuir".
Questionado sobre se essa abertura para o diálogo também inclui o líder do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, Rocha assinalou que, no passado, a IL concluiu que está bem sozinha. Quanto ao futuro, se forem marcadas novas eleições legislativas durante o seu mandato, vai defender que a IL "deve apresentar-se sozinha a eleições".
Anuncia candidato presidencial que apoiará em caso de reeleição
O recandidato confirmou também que, se for eleito, vai anunciar o candidato presidencial que a IL apoiará, durante o seu discurso de consagração.
Questionado sobre as várias referências ao presidente da Argentina, Javier Milei, durante a convenção, o presidente da IL considerou "normal que os liberais estejam atentos ao que se passa no mundo, ao que se passa na Argentina", mas salientou que a realidade daquele país "é muito diferente da de Portugal e, portanto, não faz sentido transpor políticas da Argentina para Portugal".
"Eu revejo-me nas políticas da Iniciativa Liberal. É por isso que temos uma identidade tão forte. Somos nós, não é mais ninguém que define as políticas da Iniciativa Liberal", frisou.
Rui Malheiro: "Conseguimos fazer diferente"
Minutos depois, Rui Malheiro chegou ao Pavilhão Paz e Amizade, tendo-se cruzado com Rui Rocha na zona de acreditações da convenção.
Aos jornalistas, o candidato à presidência da Iniciativa Liberal disse acreditar na vitória da sua lista, uma “Comissão Executiva mais capaz, mais esforçada e que vai colocar o liberalismo num patamar muito interessante na política nacional”. “Os membros perceberam que estamos todos aqui unidos pelo liberalismo e que conseguimos fazer diferente”, defendeu, apontando que a marca Unidos pelo Liberalismo ficou no partido e será uma marca que vai ficar no património da IL”.
Sobre o candidato presidencial, Malheiro pediu calma e disse que a líder parlamentar, Mariana Leitão, é “um dos bons quadros” do partido, mas há outros igualmente capazes.
Imigração, autárquicas e regionais da Madeira marcaram manhã
O segundo e último dia da IX Convenção da Iniciativa Liberal começou cerca das 9.30 horas, com a política de coligações nas autárquicas e as regionais da Madeira a dominarem a discussão, prevendo-se o encerramento pelas 14 horas. Às 9.30 estavam inscritos 28 membros para debate das moções setoriais, com temas desde a imigração à política de coligações nas próximas autárquicas, com as regionais da Madeira, que se realizam no dia 23 a marcar a manhã.
No final do debate, estas moções (24) serão votadas, por braço no ar, no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures. A eleição para os órgãos nacionais – comissão executiva, conselho nacional, conselho de jurisdição e conselho de fiscalização, decorre durante a manhã, por via eletrónica, prevendo-se o discurso do líder da IL eleito entre as 13.30 e as 14 horas.
No debate das moções setoriais, Paulo Ricardo Lopes, que encabeça uma lista ao conselho nacional, defendeu na sua moção sobre coligações que a IL concorra em listas próprias em Braga, Porto e Lisboa. “Devemos abrir a porta, nos nossos melhores municípios para o PSD poder desfilar? Eu acho que não”, defendeu, ironizando, sobre Lisboa, que “os valores liberais não se trocam por moedas”, numa referência ao presidente da câmara social-democrata, Carlos Moedas.
O deputado da IL e ex-líder parlamentar Rodrigo Saraiva falou sobre a política para a imigração, considerando que aqueles que atribuem os problemas de segurança ou os baixos salários às vagas de imigração “não aprenderam nada com a história”. Rodrigo Saraiva lembrou anteriores vagas imigratórias de brasileiros, ucranianos e, mais recentemente, de paquistaneses e de nepaleses. “Continuam a ser olhados de lado, não aprendemos nada com a história. Os problemas de segurança, os problemas de baixos salários não são culpa das vagas imigratórias”, são culpa dos governos, disse.
As eleições regionais na Madeira, que se realizam no dia 23 de março, acabaram por marcar a manhã. O deputado regional eleito pela IL, Nuno Morna, retirou a sua moção "Autonomia, Responsabilidade" depois de o atual coordenador do núcleo da IL na região, Gonçalo Maia Camelo ter deixado algumas críticas ao documento.
Segundo Maia Camelo, que é o cabeça de lista às eleições regionais na Madeira, a moção de Nuno Morna, que pretende a autonomia, "invade as competências" dos órgãos próprios para tomar decisões e a autonomia dos madeirenses. "Os madeirenses gostam muito pouco de ingerências", declarou Maia Camelo.
Nuno Morna anunciou depois que retirava a moção, que propunha a "extinção da figura do representante da República" e medidas específicas visando o desenvolvimento económico da região, afirmando não querer criar "qualquer constrangimento", sendo aplaudido pela generalidade dos presentes.