Líder do PS diz que pode haver mais de 100 mil alunos sem pelo menos um professor
O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, afirmou hoje que no início deste ano letivo poderá haver mais de 100 mil alunos sem professor a pelo menos uma disciplina, numa estimativa feita a partir dos números dos sindicatos.
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"A experiência governativa do PS mostra que, quando os sindicatos falam de 93 mil [alunos sem professor], significa, porque têm alguma falta de informação, que esses números estão subestimados. Significa que os números serão superiores, poderão ser superiores a 100 mil", referiu, durante uma visita à Escola André Soares, em Braga, para assinalar o início do ano letivo.
José Luís Carneiro, que esteve acompanhado por outros deputados eleitos pelo círculo de Braga, sublinhou que o momento mais crítico será em outubro, novembro e dezembro, face aos pedidos de substituição e pedidos de passagem à aposentação.
A oportunidade foi aproveitada para criticar o Governo PSD/CDS criticando promessas de que o assunto seria resolvido rapidamente.
"Como se vê, não se resolveu ao fim de um ano e meio, nem se vai resolver até ao fim da legislatura, por uma razão: porque este assunto é mais estrutural do que aquilo que parece", referiu.
Apontou também o dedo àqueles que, num passado recente, afirmaram que havia professores a mais e os aconselharam a emigrar.
"Nunca podemos esquecer que houve um período da nossa história recente em que se afirmou que havia professores a mais e mandou-se mesmo os professores emigrar, e nós hoje estamos também a pagar em parte essas palavras imponderadas", referiu.
Segundo o líder do PS, isso levou a que muitos que tinham uma aspiração de virem a ser professores tenham desistido. "E isso traduz-se hoje na falta de professores", defendeu.
"Problemas graves" no acesso ao superior
José Luís Carneiro defendeu que há "problemas graves" no acesso ao ensino superior, sublinhando que este ano ficaram por preencher cerca de 10 mil vagas, possivelmente devido às dificuldades económicas e sociais das famílias.
O secretário-geral do PS referiu que este é um assunto que vai ter "tratamento específico" no Conselho Estratégico do PS, a realizar dentro de dias.
"Ficaram cerca de 10 mil vagas por preencher este ano, o que mostra problemas graves, porque é a primeira vez que isto acontece desde 2016", sublinhou.
O líder socialista lembrou que desde 2016 o número de alunos a entrar no ensino superior, e nas suas primeiras escolhas, foi sempre em crescendo.
"Houve um retrocesso aparente, é preciso agora estudar as suas causas, mas parece-me que as dificuldades por que as famílias estão a passar do ponto de vista económico e social, nomeadamente os custos com habitação, será um dos fatores que pode justificar esta quebra", apontou.