O presidente do PSD acusou, neste domingo, o primeiro-ministro de "matar o próximo ministro da Saúde" ao dizer que a política no setor vai continuar igual, criticando "a arrogância" de António Costa.
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No encerramento da 18.ª edição da Universidade de Verão do PSD, que decorre desde segunda-feira em Castelo de Vide (Portalegre), Luís Montenegro avisou que, se a política de saúde vai continuar a ser a mesma, "vai continuar a haver urgências fechadas, portugueses sem médicos de família, consultas adiadas".
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Numa intervenção de cerca de meia hora, mais curta do que o habitual, o líder do PSD dedicou o arranque à demissão da ministra da Saúde, Marta Temido, anunciada na madrugada de terça-feira.
"A ministra demitiu-se dizendo que não tinha condições para continuar. Qual é a resposta do primeiro-ministro? Então se não tem condições, fica mais umas semanas para decidir coisas importantes para as quais julga não ter condições. Isto é uma contradição", criticou.
Luís Montenegro acusou mesmo António Costa de arrogância por já ter afirmado publicamente que "a política de saúde vai ser a mesma".
"É caso para dizer que António Costa já está a matar o próximo ministro ou ministra da Saúde, porque já lhe está a desejar uma política que deu maus resultados", disse, aconselhando o primeiro-ministro a ter humildade e reconhecer que a política de saúde falhou.
Medidas de Governo vêm "muito tarde" para serem aplicadas só três meses
O presidente do PSD considerou que o anúncio das medidas do Governo de apoio às famílias "vem muito tarde", numa opção que classificou de habilidosa para apenas as aplicar nos últimos três meses do ano. Luís Montenegro referiu-se ao pacote de medidas que será aprovado na segunda-feira pelo Governo, em Conselho de Ministros Extraordinário.
"Amanhã vamos ter finalmente o anúncio desse pacote de medidas do Governo. Vem tarde, vem muito tarde e não foi por falta de aviso. Foi a habilidade que o Governo teve, conscientemente, para aplicar esta medida apenas nos últimos três meses do ano", criticou.
Na segunda-feira, anteviu, vai acontecer "o exemplo da famosa habilidade política do primeiro-ministro, o 'show-off' do 'power point'".
"O que vai acontecer amanhã é o Governo fazer aquilo que reclamamos desde maio. Contrariamente ao que o Governo tem dito, não há três dias de diferença entre o que o PSD apresentou e o Governo vai anunciar, há três meses de diferença", acusou, lembrando que desde maio defende um programa de emergência social.
Ainda assim, admitiu que as medidas do executivo não serão exatamente iguais as que o PSD propôs e entregou no parlamento na sexta-feira, em forma de projeto de resolução.
"Elas amanhã virão travestidas, não virão 'ipsis verbis' como as propusemos, sei que o Governo anda a reboque do PSD, mas não é tanto", disse, provocado risos na assistência.
No entanto, apesar da "roupagem diferente", o líder do PSD considerou que "a base vai ser a mesma", lamentando que o Governo não anuncie também na segunda-feira os apoios destinados às empresas.
"Há condições para que o PS faça o que acordou connosco em 2014 e baixe o IRC. Dr. António Costa, não aguarde mais 15 dias e faça-o já amanhã", apelou.
Luís Montenegro pediu ainda ao Governo e ao primeiro-ministro que "de uma vez por todas ponham ordem na casa".
"Deixem de ser notícias pelas 'gaffes' e erros permanentes dos seus membros e o primeiro-ministro que se concentre na tarefa de liderar o Governo. Parece que já não está com grande vontade de ser primeiro-ministro, mas é, tem de fazer por merecer a confiança", afirmou.