Lídia Pereira defende que União Europeia fez avanços e conseguiu evitar colapso na COP30

Lídia Pereira considerou que a COP30 deu passos concretos para acelerar o processo de execução
Foto: António Molino/União Europeia
Lídia Pereira, presidente da delegação ao Parlamento Europeu à Conferência para as Alterações Climáticas (COP30), saudou o acordo feito em Belém do Pará, no Brasil, e considerou que um eventual falhanço nas negociações teria sido catastrófico. Apesar das limitações do texto final, a eurodeputada garantiu que a União Europeia conseguiu proteger os elementos essenciais e evitar o colapso do acordo.
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"A Europa conseguiu garantir avanços concretos na COP30 e evitou um não-acordo que seria desastroso para o clima e para o multilateralismo a nível global", apontou Lídia Pereira, para quem a falta de entendimento "significaria uma vitória direta das forças que tentaram bloquear a COP30, onde infelizmente se inclui o Presidente dos EUA, Donald Trump".
Apesar do contexto difícil, marcado por tensões geopolíticas e pelo papel ativo dos BRICS (aliança de países emergentes e em desenvolvimento), grupo que inclui a China, a presidência brasileira enfrentou dificuldades em elevar a ambição climática, sobretudo no capítulo da mitigação. Ainda assim, Lídia Pereira adiantou que foram dados passos seguros. A responsável revelou que teve uma reunião com a delegação chinesa, que se apresentou "construtiva e com o desejo de colaborar ativamente com a Europa no combate às alterações climáticas, inclusive com uma estratégia para alcançar a neutralidade carbónica até 2060."
O texto final do acordo protege o quadro financeiro definido em cimeiras anteriores e introduz um compromisso político para triplicar o financiamento internacional à transição climática, até 2035, o que é visto pela eurodeputada como "um sinal claro de solidariedade e responsabilidade internacional para com os países mais vulneráveis".
Na dimensão geopolítica, Lídia Pereira considerou que um dos aspetos mais relevantes da COP30 foi a recomposição das alianças internacionais. "A União Europeia não esteve sozinha. O Reino Unido reaproximou-se das nossas posições e o G20 confirmou a urgência de acelerar a ação climática", apontou, numa nota enviada à imprensa.
Apesar da ausência de uma menção direta ao abandono dos combustíveis fósseis, foi lançada uma iniciativa para acelerar a transição e anunciada a criação de um evento político de alto nível dedicado à implementação das medidas acordadas que "permite manter a pressão internacional sobre os maiores emissores". A eurodeputada do PSD realçou que o texto final reconhece, pela primeira vez desde a COP do Dubai, em 2023, que existe "um fosso entre as metas anunciadas e aquilo que é necessário para manter o objetivo de limitar o aquecimento do planeta a 1,5 °C, sendo este um ponto que a União Europeia defendia desde o primeiro dia".
No balanço final, a presidente da delegação do Parlamento Europeu considera que a COP30 assegurou condições para que a próxima década seja, finalmente, uma década de implementação. "A COP30 não resolve tudo, como nenhuma COP resolve. Mas deu-nos avanços concretos e manteve o caminho aberto para acelerar a execução. Agora é a altura de transformar os compromissos em resultados, porque o tempo para cumprir o Acordo de Paris está a esgotar-se", conclui Lídia Pereira.
Acordo de Paris "continua vivo"
Por seu lado, a ministra da Energia e do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, revelou que "a COP 30 permitiu dar passos concretos num contexto internacional particularmente difícil", dando nota positiva a Portugal: "Contribuiu ativamente para que fossem aprovadas decisões essenciais - do Mutirão aos indicadores globais de adaptação -, garantindo que o Acordo de Paris continua vivo e orientado para o limite de 1,5 °C".
O Ministério revelou, também, que Portugal "foi o primeiro país da União Europeia a anunciar um contributo financeiro para o Fundo Florestal, iniciativa criada pelo presidente do Brasil, Lula da Silva".
Destaque também para a estreia do Pavilhão de Portugal, inaugurado em 10 de novembro. "Consolidou-se como um dos espaços mais vivos, procurados e reconhecidos da COP30. A cultura portuguesa, a ciência, as empresas e a lusofonia encontraram ali um ponto de encontro diário - e, nos últimos dias, também um espaço de solidariedade, ao acolher as autoridades brasileiras durante o incêndio", salientou a tutela, em comunicado.
