
Associações consideram que há uma submissão política à Arábia Saudita.
Foto: Fraga Alves/EPA
Várias organizações ambientalistas consideraram que o acordo final da Conferência para as Alterações Climáticas (COP30), realizada em Belém do Pará, no Brasil, ficou muito aquém das expectativas, sobretudo pela ausência de um compromisso para o fim dos combustíveis fósseis.
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Apesar de reconhecerem avanços, como a aprovação do Mecanismo de Ação de Belém, as associações criticaram a falta de ambição num momento determinante para enfrentar a crise climática.
Entre as críticas mais repetidas, está a omissão, no texto final, de uma referência explícita ao abandono do petróleo, carvão e gás, uma proposta inicialmente apresentada pelo presidente do Brasil, Lula da Silva, e posteriormente retirada. "Há um sinal claro de que os maiores emissores ainda não estão dispostos a assumir o seu papel de serem os primeiros e mais rápidos a agir", salientou a Quercus, em comunicado.
As associações destacaram também o financiamento insuficiente para adaptação climática, cuja meta de triplicação para 120 mil milhões de dólares só deverá ser alcançada em 2035, bastante além do valor acordado na COP de Glasgow. "O documento principal da COP30 revelou fragilidades significativas. Há uma submissão política aos interesses dos países produtores de petróleo, em particular da Arábia Saudita", escreveram as associações Zero, Oikos e Fundação Fé e Cooperação, alertando que o Mundo se mantém, perigosamente, numa trajetória de aquecimento de 2,5 °C.
Embora vejam como positivos alguns acordos alcançados, como o apoio à transição energética, afirmam que não houve capacidade de responder às necessidades do planeta. José Luís Monteiro, da Oikos, afirmou que sai da COP30 com "um sentimento de traição profunda".
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Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente e Energia, revelou que "a COP30 permitiu dar passos concretos num contexto internacional difícil", dando nota positiva a Portugal: "Contribuiu ativamente para decisões essenciais".
Já a eurodeputada Lídia Pereira, líder da delegação do Parlamento Europeu à COP, saudou o compromisso alcançado. "A Europa garantiu passos concretos e evitou um não-acordo".
