A Câmara de Lisboa deverá contrair um empréstimo "de médio e longo prazo," até 15,3 milhões de euros, para intervenções no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a pagar em 20 anos. A proposta, da autoria do vice-presidente da autarquia, Filipe Anacoreta Correia, foi discutida esta terça-feira na Assembleia Municipal e será votada dentro de oito dias. O PS já fez saber que a irá viabilizar.
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Tal como na votação na Câmara, no passado dia 19, o BE voltou a ser o único partido a assumir-se contra o empréstimo, a contrair junto da Caixa Geral de Depósitos. A deputada Isabel Pires alegou que a Oposição "não consegue escrutinar" o processo porque "não tem acesso" à documentação, garantindo que esta foi pedida em julho de 2022.
"O Executivo, que gosta de fazer tantas parangonas com a transparência, tem sido muito pouco transparente neste processo", considerou a bloquista. "Carlos Moedas fez campanha com a transparência, pois que venha de lá ela", insistiu, dizendo que os deputados não podem depender de informação "que sai aos poucos na Comunicação Social".
Anacoreta Correia lamentou que o BE queira fazer da JMJ um processo "politizado" e "partidarizado". Assegurando que o Executivo camarário está "totalmente tranquilo" quanto à questão transparência, recordou que os bloquistas integravam o Executivo de Fernando Medina quando, em 2019, Lisboa ganhou a organização da jornada. Nessa altura, "não vimos grande preocupação" da parte do BE, acusou.
O líder da bancada do PS, Manuel Lage, também lamentou a "falta de elementos" para escrutinar a organização da JMJ, acusando o Executivo de ser pouco transparente. E, embora tenha considerado que o empréstimo representa "o custo da ineficácia" da gestão camarária, confirmou que o partido iria viabilizá-lo. "Não estamos contra a JMJ", justificou.
Sá Fernandes excluído do diálogo
Um dia após Carlos Moedas ter dito que passaria a ser ele a coordenar a JMJ em Lisboa, Anacoreta Correia confirmou que José Sá Fernandes, coordenador nomeado pelo Governo, ficará excluído do diálogo com a capital.
"Quando o presidente da Câmara diz "eu agora é que coordeno", está a dizer que não aceitamos mais pretensos coordenadores que não fazem nada e não ajudam a resolver nada. A Câmara Municipal é que coordena, a Câmara Municipal é que vai fazer", afirmou o vice-presidente. À SIC, o Governo já veio reafirmar que Sá Fernandes é o coordenador.
No documento do Executivo de Moedas, consultado pelo JN, lê-se que a Câmara pretende fazer aprovar "a contratação de um empréstimo de médio e longo prazo, até ao montante de 15,3 milhões de euros, junto da Caixa Geral de Depósitos". O prazo global proposto é de 20 anos.
A proposta já tinha sido aprovada pela Câmara no passado dia 19, com sete votos a favor (coligação PSD/CDS/MPT/PPM/Aliança), um contra (BE) e nove abstenções (quatro do PS, duas do PCP, duas da coligação PS/Livre e uma do Livre).
A ordem de trabalhos da reunião da Assembleia Municipal previa que a votação ocorresse esta terça-feira. No entanto, a mesma acabou por ser adiada uma semana, devido a falta de tempo.