O desemprego no distrito de Lisboa era uma (e a maior) preocupação transversal aos quatro partidos que, em 2011, conseguiram eleger deputados por este círculo, a par de uma reforma no setor dos transportes metropolitanos - onde a questão "o aeroporto fica ou sai de Lisboa?" esmorecia da ordem do dia, em pleno resgate financeiro do país.
Corpo do artigo
Por se tratar do círculo que mais eleitos coloca no Parlamento, principalmente quadros partidários destacados, a luta política transformou-se na mais dura a nível nacional, com o cabeça de lista do PSD, o médico Fernando Nobre, a marcar da pior forma a agenda das duas semanas oficiais de campanha.
Nobre garantia que corria não pelo distrito, não pelo país, nem sequer por se sentir verdadeiramente laranja. O então e ainda presidente da Assistência Médica Internacional alegava que Passos Coelho lhe tinha prometido o segundo lugar do Estado: a presidência da Assembleia da República.
Quase todos os partidos lhe caíram em cima - os mais tímidos foram o PS, até porque Nobre havia sido membro da comissão política da candidatura de Mário Soares a Belém, em 2006, e o Bloco de Esquerda, de quem fora mandatário nas europeias de 2009. Do pós-sufrágio, todos se lembram do chumbo do seu nome no hemiciclo, transmitido por todas as televisões.
Do PSD, muitos dos candidatos acabaram no Governo - como a segunda na lista, Paula Teixeira da Cruz. Assim como dois de sete eleitos do CDS-PP. Mas Lisboa foi também espelho da crise em que entrou então o BE: perdeu metade dos votos e dois dos cinco deputados de 2009. Francisco Louçã abandonou depois a liderança do partido. A segunda eleita, Ana Drago, saiu em rutura. E para os seus lugares surgiram Helena Pinto e a deputada sensação da legislatura, Mariana Mortágua.