Capital tem direito a 2225 milhões de euros, o mesmo valor que 284 concelhos juntos. "Bazuca" dá mais ao litoral, mas o interior é que está a executar melhor.
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O concelho de Lisboa é, de longe, o que vai receber mais verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Este pacote de fundos europeus destina 2225 milhões de euros à capital, o que dá tanto como o valor somado dos 284 concelhos que recebem menos. Em segundo lugar está o Porto, com um terço das verbas de Lisboa. O PRR também privilegia o litoral, apesar de ser no interior que se executa melhor.
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O JN analisou a listagem de mais de 95 mil projetos do PRR, distribuídos pelos 308 municípios do país, que foi disponibilizada no portal Mais Transparência. Conclui-se que o concelho que vai receber mais dinheiro é Lisboa, com 2225 milhões de euros. Em segundo lugar está o Porto, com 726 milhões, seguido do Funchal (523 milhões), Braga (275 milhões) e Ponta Delgada (272 milhões).
Ao todo, o PRR destina 18,2 mil milhões de euros a Portugal e os valores "estão todos alocados até ao último cêntimo", disse o primeiro-ministro, na semana passada. No entanto, há muito que o Governo foi alertado para a "visão centralista e centralizadora" do PRR. A frase consta de uma resolução, aprovada no final de 2021, por todos os presidentes de câmara do país, sem votos contra, onde também se lê que a bazuca "não promove, como deveria, a coesão territorial".
áreas mais assimétricas
Lisboa é o concelho com mais verba, mas também com mais projetos, 3964. Seguem-se Sintra (2611) e Braga (2229). As áreas que mais contribuem para a assimetria da distribuição de valores são as da mobilidade, saúde e educação. Somados, os quatro maiores projetos de Lisboa nestas áreas valem tanto como todo o PRR do Porto: expansão da Linha Vermelha do metro, agenda para a neutralidade carbónica, reforço da rede de cuidados continuados e paliativos e ampliação da rede wi-fi das escolas.
Na cultura, a distribuição também é desigual. Lisboa requalifica 15 museus e leva um terço dos 150 milhões destinados ao património. O segundo terço é para a restante Área Metropolitana de Lisboa e o último terço é repartido pelo país.
A nível nacional, a execução do PRR está em 9%, com 1500 milhões de euros pagos a beneficiários finais. O concelho de Barrancos é o que tem a execução mais baixa (0,2%) e Velas, nos Açores, a mais alta (502%). Velas é o território que recebe menos (15 mil euros) e foi o único concelho que excedeu 100% de execução. A capital de distrito que executa melhor é Leiria (35%) e a pior é Évora (2%).
O mapa da distribuição de verbas (ver infografia) permite perceber que a faixa litoral entre Minho e Lisboa terá mais dinheiro do PRR. Mas o mapa da execução do programa por concelhos demonstra que o interior está mais avançado na concretização dos projetos.
Entre os projetos mais caros dos concelhos médios e pequenos, está a aquisição de veículos elétricos para respostas sociais, a reabilitação de moradias e a construção de lojas do cidadão, creches, lares, centros para a deficiência e alojamentos para estudantes.