Luís Montenegro "não tem prevista" visita aos bairros e afirma que Governo fez "o que lhe competia"
O primeiro-ministro afirmou, esta terça-feira, que o Governo "fez aquilo que lhe competia" face à morte de Odair Moniz, baleado pela polícia na Cova da Moura, em Lisboa, revelando que "não tem prevista" nenhuma visita aos bairros sociais.
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"Não sou daqueles políticos que, perante um problema, vai a correr engendrar um plano", sublinhou Luís Montenegro, após ter sido questionado pelos jornalistas sobre a intenção de deslocar-se aos bairros sociais. O primeiro-ministro considerou que os episódios de violência verificados nos bairros sociais lisboetas nas últimas semanas, motivados pela morte de Odair Moniz, cidadão baleado pela polícia a 21 de outubro, não justificam "uma direção e um rumo diferente" daquele que tem adotado.
"Podem fazer-me muitas críticas, e seguramente não faltaram motivos que suscitem, nomeadamente por parte da Oposição, algum comentário. Agora, dificuldades em andar no terreno é que sinceramente não compreendo muito bem porque creio, modéstia à parte, que não há político no ativo, e se calhar mesmo fora do ativo, que possa ter estado em todos os 308 municípios do país, como eu estive, em todos os contextos, incluindo em bairros com problemas sociais, problemas laborais e problemas de integração de comunidades imigrantes", afirmou Luís Montenegro.
A resposta surgiu depois de o secretário-geral do Partido Socialista (PS) ter visitado, na segunda-feira, alguns bairros da região de Lisboa e ter criticado o primeiro-ministro pela ausência no terreno. Questionado sobre uma notícia da rádio TSF que dava conta que o Presidente da República e o Governo combinaram que seria Marcelo Rebelo de Sousa a visitar os bairros do Zambujal e da Cova da Moura, Pedro Nuno Santos indicou que "o Governo não se pode esconder atrás de um presidente da República".
"O senhor presidente da República teve a ocasião de me comunicar que ia fazer uma visita e eu tive a ocasião de lhe dizer que achava muito bem que ele a fizesse. Não há mais questão", reagiu Luís Montenegro à alegada combinação. Também Marcelo Rebelo de Sousa esclareceu, esta terça-feira, que apenas comunicou a visita ao primeiro-ministro.
"Não combinou coisa nenhuma. O primeiro-ministro recebeu a minha comunicação, eu perguntei-lhe se se opunha e ele disse que não se opunha, não tinha nenhuma objeção e iria ponderar em função do trabalho do Governo naquele domínio", elucidou o presidente da República, que esteve na sexta-feira no bairro do Zambujal, onde visitou a esquadra da PSP e conversou com familiares de Odair Moniz.
Diálogo é para continuar
Luís Montenegro garantiu que o Governo "fez aquilo que lhe competia", na sequência do aumento de situações violentas nos bairros sociais, e que está focado em concretizar o seu programa. "Para além de todo o contacto com os demais órgãos de soberania, [o Governo] falou com as autarquias locais e falou com as comunidades dos bairros onde ocorreram fenómenos violentos. E, por isso, aquilo que nós seguiremos serão políticas sociais, políticas económicas, no âmbito da imigração que possam conjugar-se em mais oportunidades, em mais perspectivas das pessoas terem bons percursos de vida", afirmou.
O primeiro-ministro garantiu que o diálogo com os representantes dos bairros sociais é para manter e que o Governo "está empenhado em poder reforçar o policiamento nas ruas e equipas multidisciplinares que possam ter capacidade de prevenção e repressão de fenómenos criminais violentos".