Há dois candidatos à liderança da IL, ambos vindos da bancada parlamentar. Carla Castro, eleita por Lisboa, anunciou, no Fórum TSF, que entra na corrida, negando representar uma "rutura" com a presidência de Cotrim Figueiredo. No entanto, este declarou apoio a Rui Rocha, que tem a maioria da bancada do seu lado e que parece, por isso, partir em vantagem. Os dois candidatos demarcaram-se do Chega, com Rui Rocha a procurar também apaziguar a oposição interna: após contestação, disse que irá propor o adiamento das eleições para janeiro, de modo a facilitar o debate.
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"Não há rutura, há uma continuidade de uma receita de sucesso da qual fiz parte", referiu Carla Castro, revelando querer apostar na "mobilidade social". Questionada sobre o que a distingue de Rui Rocha, falou em "diferenças quer do ponto de vista da gestão interna do partido quer de modos e prioridades externas".
Carla Castro deixou um reparo ao facto de Cotrim Figueiredo ter apoiado publicamente Rui Rocha: "Se fosse eu, não o faria", frisou. Contudo, o líder demissionário não é o único, na bancada liberal, a estar ao lado do deputado de Braga.
A IL tem oito parlamentares, dois deles candidatos a líder. Dos restantes seis, quatro apoiam Rui Rocha (Cotrim Figueiredo, Bernardo Blanco, Patrícia Gilvaz e Joana Cordeiro). Carlos Guimarães Pinto não tomará partido e Rodrigo Saraiva ainda não se pronunciou.
Tiago Mayan apoia Carla Castro
Os apoios a Carla Castro chegaram de fora de São Bento. Tiago Mayan, ex-candidato à presidência da República, diz não ter "dúvidas nenhumas" em preferi-la, embora vá esperar pelos programas eleitorais. Miguel Ferreira da Silva, primeiro líder da IL e hoje deputado municipal em Lisboa, também apoia Carla Castro. Uma fação minoritária, conotada com uma ala mais conservadora, pondera igualmente fazê-lo.
Ao anunciar a demissão, Cotrim revelou que as eleições internas seriam em dezembro. Alguns militantes - entre eles Mayan - contestaram, alegando que não haveria tempo para formalizar candidaturas e debater. Esta terça-feira, no Twitter, Rui Rocha anunciou que proporá ao Conselho Nacional o adiamento para janeiro, de forma a que "quem quiser concorrer o faça sem que o tempo seja limitação".
Na segunda-feira, António Costa tinha acusado a IL de querer "competir" com o "lamaçal" do Chega. Carla Castro frisou que essas palavras são "injustas", já que não se considera "populista" mas sim "reformista". Rui Rocha considerou as declarações do primeiro-ministro "inqualificáveis", garantindo, à RTP, que não fará "nenhum entendimento" com o Chega.
O deputado Rodrigo Saraiva revelou esta terça-feira que não será candidato, deixando "para mais tarde" um eventual apoio a um dos concorrentes.