A deputada Carla Castro, candidata a líder da Iniciativa Liberal, afirmou que aquilo que a separa de Rui Rocha - o outro candidato - é "o estilo de liderança" e o entendimento de que o partido precisa de "mais comunicação" entre as estruturas. Carla Castro também negou quaisquer entendimentos com a extrema-direita: "O Chega é uma linha vermelha", garantiu.
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Em entrevista à RTP3, questionada sobre as diferenças entre si própria e Rui Rocha, Carla Castro respondeu: "São, sobretudo, o estilo de liderança, uma gestão mais participativa, mais aberta, um processo de tomada de decisão mais amplo e mais comunicação entre as diversas estruturas". Relativamente a este último aspeto, sublinhou que tem de existir "claramente" uma "melhoria" no partido.
Carla Castro também revelou algumas reticências quanto ao apelo, lançado pelo líder demissionário, João Cotrim Figueiredo, para que a Iniciativa Liberal (IL) adote um registo "mais popular". A candidata frisou que a sua opinião sobre o assunto "depende do que o termo quer dizer": concorda que a IL deve popularizar-se "no sentido de fazer crescer o liberalismo", mas rejeitou abraçar "populismos". "Eu não sou populista, sou reformista", sublinhou.
Cotrim, recorde-se, apoia Rui Rocha, tendo tornado pública essa sua posição no próprio dia em que o candidato revelou que avançaria. Rui Rocha já recusou qualquer entendimento com o Chega, mas parece estar a responder ao repto do líder quanto à mudança para um registo mais popular: na quarta-feira, a propósito dos problemas na transferência do apoio de 125 euros, descreveu o Governo, no Twitter, como "Costaquistão".
Chega é "linha vermelha"
Carla Castro também garantiu que, caso seja eleita líder da IL, nunca promoverá qualquer aproximação ao partido de André Ventura. "O Chega é uma linha vermelha. Tenho dito isso e não vou alterar", vincou. Perante a insistência da jornalista, que quis saber se essa posição se manterá caso um acordo com o Chega fosse a única hipótese de a IL chegar ao poder, insistiu: "É [esse] o significado de uma linha vermelha".
A candidata afirmou ainda que não esperava a saída de João Cotrim Figueiredo. "A demissão do João foi uma surpresa. E claro que isso altera um bocadinho as condições de partida", reconheceu, referindo-se às eleições internas. Rui Rocha tinha revelado, também em entrevista à RTP, que Cotrim o informou da intenção de deixar o cargo cerca de duas semanas antes de tornar pública essa decisão.
Carla Castro referiu que a saída de Cotrim nunca foi abordada nas reuniões da Comissão Executiva do partido. "Não se punha o cenário em cima da mesa", assegurou, acrescentando que, entre os membros da direção, havia a convicção de a IL tinha "um projeto de continuidade".
A parlamentar insistiu que "não havia necessidade de uma demissão nem de eleições", mas disse ver a candidatura de Rui Rocha "com muita tranquilidade". Comprometeu-se a protagonizar uma campanha "elevada" e a trabalhar em conjunto com o seu colega de partido "no dia a seguir às eleições", independentemente de quem for o vencedor.
Defensora de que o elevador social em Portugal "está estragado", Carla Castro escolheu a frase "Crescimento e mobilidade social" como slogan de campanha. Aceita que as eleições internas sejam em dezembro - mesmo depois de Rui Rocha ter proposto adiá-las para janeiro, de modo a existir mais tempo para debater ideias - e, caso as vença, promete "mais foco na ação" e uma liderança "com mais reformas liberais na agenda".
Carla Castro garantiu que não quer uma "rutura" com o passado recente da IL, sublinhando a ambição de ser "presidente de todos os liberais". "Há coisas a fazer dentro do partido, mas o foco é lá fora e é crescer", rematou.