As estradas portuguesas vão ser vigiadas por mais 50 radares do Sistema Nacional de Controlo de Velocidade (SINCRO) da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), que se juntam aos 30 já existentes. O número de cabinas passará das atuais 50 para 100.
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"O concurso público para a aquisição e instalação dos novos radares deverá ser lançado muito em breve, dentro de um mês",assegurou ao JN o presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) Rui Ribeiro, em Viseu.
Esta meia centena de aparelhos de controlo de velocidade junta-se aos 30 já existentes, que rodam por 50 cabinas fixas, a funcionar na totalidade desde julho de 2017. O estudo para alargar a rede ficou de ser entregue ao Governo este mês.
De acordo com o presidente da ANSR, os aparelhos, com as respetivas características técnicas, já foram escolhidos. "Falta apenas definir os locais onde vão ser colocados", afirmou, explicando que serão instalados nos designados "pontos negros", ou seja, nos troços das estradas onde ocorrem mais acidentes e cuja causa esteja associada ao excesso de velocidade. "Deverão estar colocados e em funcionamento durante o próximo ano", revelou.
Três anos de concurso
Recorde-se que entre o primeiro concurso público para instalar os 30 radares e a entrada em funcionamento decorreram três anos. O concurso foi lançado em maio de 2014 , tendo sido feita a adjudicação em dezembro do mesmo ano ao consórcio EYssa-Tesis/ Micotec por quase 3, 2 milhões de euros. Mas o contrato só viria a ser assinado em março de 2015. Mais de um ano depois é que o Tribunal de Contas deu luz verde.
O primeiro dos 30 radares entrou em funcionamento a 6 de julho de 2016, na autoestrada A5, na descida para o estádio Nacional, sentido Cascais/Lisboa. Só em julho de 2017 a totalidade dos radares entrou em funcionamento. No primeiro ano foram detetadas mais de 400 mil infrações por excesso de velocidade.
Vigiar e sancionar mais
O presidente da ANSR participou, no Centro Hospitalar Tondela-Viseu, na "Conferência Alta segurança", "Bebé seguro, jovem com futuro". Referindo-se à sinistralidade rodoviária geral, Rui Ribeiro lembrou que, no ano passado, morreram 512 pessoas vítimas de acidentes nas estradas portuguesas, mais duas do que no ano anterior (510). Em 2016, morreram 445 pessoas nas estradas.
"Estamos claramente preocupados com os valores, embora Portugal tenha feito um progresso notável na última vintena de anos", sublinhou. Além de um investimento na tecnologia de viaturas e na segurança de infraestruturas, "há que fiscalizar cada vez mais o comportamento dos condutores, que têm de ser sancionados e vigiados", afirmou.
Duplicam mortes com droga
Nos últimos dez anos, duplicaram os condutores com substancias psicotrópicas que morreram na estrada, passando de 6% para 12%. Uma "tendência preocupante", diz Rui Ribeiro, presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, e que precisa de reflexão. "Esta sociedade competitiva, sobretudo nas grandes cidades, não admite que as pessoas possam estar cansadas e não tenham uma produtividade no top. Temos de saber como lidar com estas questões", apelou.
NÚMEROS
470 mil apanhados em dois anos
Nos últimos dois anos, foram registadas 470 mil infrações por excesso de velocidade pela rede SINCRO. Entre 2017 e 2018 houve um aumento de quase 114 mil infrações, revela o RASI 2018.
203 mortes na estrada até 7 de junho
Mais 17 do que em igual período de 2018 e 861 feridos graves (mais 94), de acordo com dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária. O número está a subir há dois anos.