Recuperação foi mais rápida nas comunidades intermunicipais do que no Porto e em Lisboa.
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O número de passageiros a usar o transporte público recuperou em 2021, mas ainda esteve longe da procura registada em 2019, antes da pandemia de covid-19. As verbas dos programas destinados à redução tarifária e à densificação da oferta foram determinantes para garantir a realização dos serviços essenciais à população.
No ano passado, foram transportados cerca de 516 milhões de passageiros, o que representa "um aumento de 18% [cerca de 90 milhões de clientes] relativamente a 2020, mas, ainda assim, cerca de 30% inferior ao número de passageiros transportados em 2019 [748,2 milhões]". Os dados constam do 3.º relatório do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (PART) e 2.º do Programa de Apoio à Densificação e Reforço da Oferta de Transporte Público (PROTransP), apresentado pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT).
Segundo o IMT, os dados disponíveis mostram que "o impacto da pandemia foi maior" na procura de transporte público nas áreas metropolitanas do que nas comunidades intermunicipais, "com um decréscimo de passageiros mais acentuado". Por outro lado, "foi nas comunidades intermunicipais que se verificou uma mais rápida recuperação do número de passageiros transportados, sendo o total de passageiros em 2021 já superior a 2019".
O aumento de clientes entre 2020 e 2021 foi mais notório na Lezíria do Tejo, Oeste, Baixo Alentejo, Ave e Alto Minho, aponta o IMT, sublinhando que apenas nove das 21 comunidades intermunicipais existentes no país reportaram dados para os três anos em análise.
Todos os meios de transporte foram afetados e registou-se uma recuperação quase global (a variação do Metro de Lisboa permaneceu negativa). A recuperação foi mais significativa no Metro do Porto, mas não o suficiente para alcançar os números pré-pandemia.
Investidos 200 milhões
O relatório frisa que o "esforço financeiro que os programas de intervenção assumiram nos serviços essenciais foi notório e representou a maior fatia de investimento no PART e quase a totalidade das verbas do PROTransP", à semelhança do que sucedera em 2020, o primeiro ano da pandemia.
O PART custou 172,6 milhões de euros (134,6 milhões do Orçamento de Estado e o restante pago pelos municípios) e teve uma taxa de execução a rondar os 100%. Em relação ao PROTransP, o investimento foi de 22,99 milhões (14,32 milhões do OE) e a taxa de realização cifrou-se nos 96,5%. A verba gasta na densificação da rede foi de 680 mil euros, com seis comunidades a criarem 31 serviços (23 dos quais em Coimbra).
SABER MAIS
Gastaram mais
Todas as 21 comunidades intermunicipais (CIM) e duas áreas metropolitanas comparticiparam 20% ou mais do financiamento executado do OE, com destaque para as CIM de Coimbra, Beiras e Serra da Estrela, Alto Minho, Ave, Baixo Alentejo e Oeste, cuja taxa de comparticipações ficou acima dos 65%.
Rodovia melhor
Em 2021, o tráfego rodoviário médio diário nas autoestradas portuguesas recuperou para 88% do registado em 2019 (em 2020, baixou para 77%).