Segundo o Censos 2021, 10,9% da população portuguesa tem, pelo menos, uma incapacidade. O problema afeta sobretudo as mulheres, entre os 70 e os 74 anos, revelou, esta segunda-feira, o Instituto Nacional de Estatísticas (INE).
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São 1.085.472 (10,9%) os portugueses, residentes no país, com algum tipo de incapacidade, divulgou, esta segunda-feira, o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), num estudo "Dificuldades sentidas pelas pessoas com incapacidade", conseguido através de informação recolhida no Censos 2021.
Segundo o primeiro de uma série de estudos a divulgar pelo INE, a maior parte das pessoas com, pelo menos, uma incapacidade é do sexo feminino. "Esta condição afeta principalmente as mulheres, obtendo-se um rácio de feminilidade de 164 mulheres com incapacidade por cada 100 homens com incapacidade", adiantou o INE, sendo que 29,1% eram viúvas e 65,1% dessas pessoas eram reformadas.
As pessoas com algum tipo de incapacidade são idosas, têm entre os 70 e os 74 anos (rácio de 19.2 idosos por cada criança) e possuem poucos estudos. "O nível de escolaridade completado pela maior parte da população com incapacidade era o ensino básico (64,7% considerando a população com incapacidade e com 15 ou mais anos)", especifica o INE, no trabalho inserido no estudo "O que nos dizem o Censos 2021" em que se detetou que 21,5% da população com incapacidade não tinha qualquer nível de ensino.
O estudo revelou também que a "incapacidade em andar ou subir degraus é a mais prevalente e afeta 6,1% da população com 5 ou mais anos". Já 3,5% são afetados pela incapacidade em ver, 3,4% pela incapacidade de cognição/memória, e 2,8% em ouvir; 3,0% têm dificuldade em tomar banho ou vestir-se sem apoio e 1,5% em compreender os outros ou fazer-se compreender.
"A incapacidade em ver é a que afeta relativamente menos o emprego das pessoas com incapacidade (20,0% estavam ativas e 17,5% estavam empregadas à data dos Censos 2021), enquanto a incapacidade de mobilidade é a mais penalizadora (apenas 7,9% das pessoas com incapacidade estavam ativas e 7,1% empregadas)", apurou ainda o INE.
"As mulheres têm menos probabilidade de estarem ativas. Aos 45 anos, uma mulher com dificuldades em andar tem menor probabilidade de estar ativa (57,6%) do que uma mulher com incapacidade de cognição", especificou o INE.
Acresce que 8,0% da população com incapacidade vive em alojamentos coletivos, 68,1% em alojamentos familiares sem acessibilidade para pessoas que utilizam cadeira de rodas de forma autónoma (sem apoio de outra pessoa) e 20% vivia sozinha.
Segundo o presidente do INE, Francisco Lima, vão ser lançados mais estudos com dados retirados do Censos 2021. Na próxima semana, será um sobre residentes estrangeiros. Seguem-se outros sobre demografia e condições de vida, habitação e território. "Não explora tudo o que o Censos podem-nos dizer sobre tudo o que se passa", ressalvou, durante a apresentação da primeira publicação temática.