Os portugueses estão cada vez mais velhos, mas a viver mais anos. Nas últimas três décadas, o número de idosos duplicou e as pessoas que festejaram o centenário aumentaram 77% nos últimos 10 anos.
Corpo do artigo
Quase meio milhão vive com menos de 551 euros por mês. Este é um retrato da geração com 65 e mais anos que a Pordata traça, esta terça-feira, no Dia Mundial da População. Portugal é o segundo país da União Europeia (UE) com maior proporção de idosos (23,7%), só ultrapassado pela Itália (23,8%).
Segundo a base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, um quarto da população portuguesa tem 65 anos ou mais. E, desde o início do século, o número de idosos ultrapassou o das crianças e jovens com menos de 15 anos. Atualmente, por cada 100 residentes em Portugal, 13 são crianças ou jovens com menos de 15 anos e 24 têm mais de 65 anos. Mas há mais: o índice de envelhecimento no território nacional mostra que há 184 pessoas com 65 ou mais anos por cada 100 jovens.
Existem mais idosos em todo o país, com exceção de Lagoa e Ribeira Brava, nos Açores. E as projeções do Instituto Nacional de Estatística apontam para o aumento desta tendência do índice entre idosos e jovens até 2080.
A verdade é que a esperança média de vida também tem vindo a crescer, embora não se traduzam em anos de vida saudável. De acordo com a Pordata, um adulto com 65 anos tem uma expectativa de vida de mais 20 anos do que em 1960: 22 para as mulheres e 18 para os homens. Destes, sete serão vividos de forma saudável no caso das mulheres e oito nos homens.
Não fazem exercício
Olhando para a situação económica dos mais velhos, nota-se que, mesmo depois de receber apoios sociais do Estado, 17% estavam em risco de pobreza, vivendo com menos de 551 euros mensais. Aliás, sem os apoios sociais , 86% dos idosos estariam em situação de pobreza. A principal fonte de rendimento da maioria é a reforma. No entanto, é de salientar que a taxa de risco de pobreza entre os seniores foi a que mais baixou nos anos de 2020 e de 2021.
A atribuição do Rendimento Social de Inserção (RSI) tem vindo a aumentar desde 2015 entre os idosos, cerca de 12,8 mil pessoas com 65 ou mais anos são beneficiárias desse apoio, representando 5% do total dos beneficiários. Por outro lado, o Complemento Social de Idosos (CSI) chega a menos seniores desde 2019, altura em que 176 mil idosos foram apoiados.
Esta debilidade financeira faz com que muito dos idosos continuem no mercado de trabalho para lá da idade da reforma. A taxa de emprego entre pessoas nesta faixa etária tem vindo a aumentar desde 2015, tendo atingido 9% em 2022. Na União Europeia, Portugal é o 10.º país com a taxa de emprego entre as pessoas com 65 ou mais anos mais elevada.
O retrato da Pordata mostra, ainda, que mais de metade dos seniores têm excesso de peso e não praticam exercício físico. As doenças do aparelho circulatório (como AVC e ataques cardíacos) e o cancro são as causas de morte mais comuns nesta faixa etária.
Mais de metade das pessoas com 65 ou mais anos apenas completaram o Ensino Básico e apenas 8% concluíram o Ensino Superior. E as novas tecnologias também ainda não entraram na vida quotidiana dos idosos. Em 2022, apenas 49% usou a internet pelo menos uma vez por semana. Portugal é o 4.º país com menos pessoas entre os 65 e 74 anos a usar internet.
Por fim, apesar de se posicionarem mais insatisfeitos com a situação financeira da família, os mais velhos estão mais satisfeitos com o tempo livre disponível e com as relações pessoais do que a restante população. Têm também menor interesse pela frequência de locais culturais e participam menos em espetáculos ao vivo.