Enfermeiros do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central assinaram uma carta de protesto do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses para reivindicar a contagem de pontos para efeitos de progressão na carreira e acabar com a "inversão da tabela salarial".
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"O meu salário, ao final de 25 anos de trabalho, é 1060 euros. Isto é lamentável, sinto-me humilhada, maltratada e desprezada", desabafa Daniela Santos, enfermeira há 25 anos, à porta do hospital.
Daniela ganha um salário de mil euros, uma "injustiça" que a levou a assinar a carta de protesto do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) entregue à administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC). O salário de Daniela Santos é "a média" de um enfermeiro que não faça turnos, indica Isabel Barbosa, dirigente do SEP.
Entre as principais reivindicações destes profissionais de saúde estão a contagem de pontos para efeitos de progressão na carreira para todos os enfermeiros, a "correção de injustiças" como a inversão da tabela remuneratória de "inúmeros enfermeiros especialistas", em resultado da Carreira de Enfermagem adotada em 2019, e a "descategorização dos enfermeiros supervisores".
O Sindicato dos Enfermeiros verifica que existe uma "não contagem de pontos" aos anos anteriores à mudança de categoria (Enfermeiro Graduado, Especialista, Chefe) e aos anos anteriores ao ajustamento salarial que se deu em 2011, 2012, 2013 e 2015.
Ao JN, Isabel Barbosa, dirigente do SEP, fala em "anos de serviço eliminados" e declara que no panorama da Administração Pública, a carreira de enfermagem "é muito prejudicada".
Maria José Birrento, enfermeira especialista há 26 anos, fala num "acumular de injustiças" e afirma que a "decisão difícil" de emigrar deve-se, em grande parte, à situação de necessidade e a um profundo descontentamento com a profissão", que resulta de "opções políticas".
A enfermeira especialista sabe que a administração do CHULC não pode mudar a lei, mas "pode dar um contributo" e acompanhar as reivindicações dos enfermeiros, desde logo porque tem "autonomia para avançar com propostas".
O SEP exige "que sejam considerados todos os anos de serviço para efeitos de progressão" na carreira, recordando que estes profissionais "se sentem exaustos".