Apesar das chuvas da primeira quinzena de março, mais de 77% do território continental português continuam em situação de seca severa e extrema e o período já cumprido do ano hidrológico 2021/22 é o mais seco desde 1931, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
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Segundo o boletim de seca meteorológica divulgado nesta quinta-feira pelo IPMA, o valor médio da quantidade de precipitação entre 1 de outubro e 15 de março foi de apenas 277,6 milímetros (mm), correspondentes a 44% do valor normal de 630,6 mm neste período, registando-se assim um défice de 353 mm.
Na primeira quinzena de março, o valor médio da quantidade de precipitação foi de 53,4 mm, correspondentes a 87% do normal na série 1971-2000, graças à ocorrência de chuva em grande parte dos dias, mas desigual no território.
Enquanto em Aveiro os 73,4 mm de precipitação total registada correspondem a 158,2% do valor normal de 46,4 mm, em Évora caíram apenas 26,8 mm, ou seja, 64% dos 41,9 mm normais.
O valor mais alto (153,8 mm) ocorreu no Alto Minho, em Vila Nova de Cerveira, e o mais baixo (13,9 mm) em Castro Marim, no extremo do sotavento algarvio. Curiosamente, em Faro, a quantidade de precipitação foi de 55,3 mm, ou seja, 143,9% da média de 38,4 mm.
O boletim regista um aumento das percentagens de água no solo, mais significativa no Litoral Norte e Centro, mas não houve variações significativas nas regiões do interior - Trás-os-Montes e Beira Alta - e em grande parte da região Sul, onde se mantêm os valores inferiores a 20%, "com alguns locais a apresentarem o ponto de emurchecimento permanente".
Em consequência, a intensidade da situação de seca meteorológica desagravou-se especialmente na região litoral Norte e Centro, com grande parte na classe de seca moderada, ao passo que o território restante se mantém nas classes de seca severa (50,4%) e extrema 26,8%), com destaque para os distritos de Setúbal, Beja e Faro, em seca extrema.