Apenas 7% das emissões do novo modelo correspondem a estreantes. Distritos de Lisboa e Porto lideram emissão de documentos.
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Sofia Nunes faz parte do universo de novos condutores que aprenderam a teoria e a prática de conduzir um carro entre restrições e relaxamento de medidas para travar a covid-19. A jovem começou a assistir às aulas teóricas em março de 2020, quando foi decretado o primeiro confinamento em Portugal. "O meu processo [de aprendizagem] foi quase todo em pandemia", diz ao JN, já pronta para estar ao volante.
Aos 20 anos, a recém-encartada integra os 27 324 estreantes do novo modelo de carta de condução, que entrou em vigor a 8 de janeiro deste ano. Os dados do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), revelados ao JN, mostram que 7% das cartas emitidas, nos primeiros seis meses de 2021, são de novos condutores. Os restantes 93% (389 656) dizem respeito a revalidações.
Apesar de não ter registado atrasos nas aulas, a maior dificuldade para Sofia Nunes foi marcar os exames, principalmente o de condução. Esteve marcado para fevereiro deste ano, mas foi adiado para maio devido às regras impostas pela covid-19. A jovem tem a carta há dois meses.
A discrepância entre o número de novos condutores e as revalidações não é anormal. Na cerimónia de apresentação do novo modelo de carta de condução, no início deste ano, que reuniu o Governo, o Instituto de Mobilidade e Transportes (IMT) e a Casa da Moeda, foi comunicado que, entre as 800 e as 900 mil cartas de condução produzidas todos os anos, apenas 100 mil pertenciam a estreantes.
Oito mil aptos nos tratores
O novo modelo de carta veio trazer mais segurança ao processo de identificação dos condutores, evitando situações de fraude, e acelerou a digitalização de documentos pessoais e intransmissíveis. Mas, houve outras novidades em cima da mesa, como a introdução da categoria T (veículos agrícolas) no novo documento.
Até então, era necessário uma licença para conduzir um trator, que deixa de ter efeito para quem tem a carta mais recente. Desde o início do ano, o IMT registou 8236 cartas de condução com a emissão da categoria T. Os automóveis ligeiros e quadriciclos (B e B1) e os motociclos (A1 e A2) detêm, ainda assim, o pódio no número de categorias mais emitidas nos títulos de condução.
Açores com poucas cartas
As circunstâncias atrasaram a ida de Sofia Nunes para a estrada, mas a nova carta chegou em menos de uma semana pelo correio. Residente nas Caxinas, Vila do Conde, a condutora entra nas contas do distrito do Porto, que é o segundo com mais novas cartas de condução emitidas (74 074), apenas atrás de Lisboa (94 712). Os dados incluem "primeiras emissões, revalidações, substituições", entre outras situações, detalha o IMT. Em Portugal continental, Portalegre (5053) e Beja (6134) apresentam o menor número de documentos emitidos. Nos arquipélagos, Horta (1708) e Angra do Heroísmo (3312), nos Açores, tiveram a mais baixa emissão de novas cartas em Portugal.
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Duas fotografias
O novo modelo de carta de condução tem duas fotografias do condutor. Um retrato no local habitual, e que ocupa grande parte do documento, e outro no canto inferior direito, acompanhado de um número de segurança, que torna impossível a sua reprodução para efeitos fraudulentos.
QR Code
Os novos títulos têm um código de barras bidimensional (QR Code), que permite a apresentação da carta em formato digital. Os condutores não precisam de apresentar o documento físico, desde que as autoridades tenham o equipamento adequado para fazer a leitura dos dados.
93%
Revalidações feitas desde o início do ano e cujos condutores já apresentam o novo modelo de carta de condução. Em seis meses, das 389 656 novas cartas emitidas, 362 332 são de condutores experientes.
8236
Condutores estão habilitados pelo novo documento para conduzir veículos agrícolas (T). Para conduzir um trator, deixa de ser necessário uma licença, uma vez que o veículo já vigora nas categorias da carta.
Documentos
Locais
Os distritos que emitiram mais o novo modelo de carta de condução foram Lisboa, Porto, Setúbal e Aveiro. Os locais que emitiram menos foram Horta, Angra do Heroísmo e Ponta Delgada, nos Açores, e Portalegre, no território continental. A densidade populacional pode explicar a diferença de valores.
Segurança
Apesar dos mecanismos a olho nu, o presidente da Casa da Moeda, Gonçalo Caseiro, adianta que outros elementos fortalecem a segurança do documento, mas nem todos podiam ser tornados públicos. A instituição é responsável pela produção das cartas.