Agentes envolvidos enviam pareceres antes de diretiva operacional ser aprovada sexta-feira. Liga dos Bombeiros quer funções clarificadas.
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Mais de 14 mil operacionais vão integrar este ano o dispositivo de combate a incêndios, agora reforçado face a 2022, incluindo no número de viaturas e meios aéreos, que serão, respetivamente, 3056 e 72 na época mais crítica, segundo a proposta que o Ministério da Administração Interna espera ver aprovada na próxima sexta-feira. Ainda vai receber pareceres das forças envolvidas, com a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) a lamentar que só tenha dado três dias úteis para o efeito, exigindo alterações e a clarificação de funções.
Segundo a proposta de diretiva operacional do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais para 2023, que deverá ser aprovada pela Comissão Nacional de Proteção Civil, os meios terrestres subiram para 14.008, em vez dos 12.917 de 2022 para a época de nível Delta (de julho a setembro). A nova diretiva prevê 3246 equipas, em vez de 3062. As viaturas sobem de 2833 para 3056, enquanto os meios aéreos passam de 60 para 72, como aviões e helicópteros bombardeiros ou de reconhecimento.
Aprovação antecipada
Os 14 mil elementos incluem bombeiros, GNR, Força Especial de Proteção Civil, PSP, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e o agrupamento de empresas Afocelca, que também disponibiliza sapadores florestais.
Porém, ainda terão de confirmar os meios disponíveis, como as viaturas, que deverão estar em condições de ir para o terreno.
O reforço tem sido "gradual", destacou ao JN a secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, que referiu ainda o facto de o calendário ter sido "antecipado". Em 2022, a diretiva foi aprovada a 11 de maio.
O número de operacionais tem vindo a crescer: 9740 em 2017; 10.767 em 2018; 11.492 em 2019; 11.827 em 2020; 12.058 em 2021 e 12.917 no ano passado.
Já o presidente da LBP, António Nunes, tem esta terça-feira uma reunião técnica com o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes, marcada após ter manifestado o seu desagrado por ter recebido a proposta "tarde e a más horas", na quinta-feira, com três dias úteis para se pronunciar. Diz que o processo deveria ter sido mais participado. E, no que toca aos 27 mil bombeiros, faz depender o seu voto favorável de uma clarificação de funções em nome da "identidade" destes profissionais. Entre outras coisas que quer ver corrigidas está a falta de distinção entre combate, vigilância e prevenção na contabilidade dos meios.
Serra da Estrela terá um plano integrado
O Parque Natural da Serra da Estrela vai ter este ano um plano integrado próprio para resposta aos incêndios rurais, que está a ser ainda ultimado, confirmou o Governo ao JN. Este novo instrumento de combate aos fogos, que será usado pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil , surge à semelhança do plano que já existe para o Parque Nacional da Peneda-Gerês e "é fruto das lições colhidas no ano passado" e também já durante este ano, com os incêndios que têm fustigado a zona da serra da Estrela, sublinhou ao JN Patrícia Gaspar, secretária de Estado da Proteção Civil.