A época balnear termina este domingo, em todas as praias do Norte e em algumas do Centro e da zona Tejo e Oeste.
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Num ano atípico, a meio gás, em que até os banhos de sol foram condicionados pela pandemia de covid-19, os portugueses parecem ter respeitado ordeiramente as recomendações da Direção-Geral da Saúde, no que ao distanciamento social e à lotação das praias diz respeito. No entanto, este ano, até hoje, morreram pelo menos 20 pessoas nas praias. No ano passado, na mesma data, tinham perdido a vida 14 banhistas. O maior número de mortes registou-se no Sul.
Desde o início de maio, houve nove vítimas mortais em praias vigiadas, nove em praias não vigiadas (seis delas fora da época balnear, que nas praias onde começou mais cedo arrancou a 6 de junho) e duas noutras zonas marítimas que também não têm dispositivo de vigia. No ano passado, em igual período, três pessoas tinham morrido em zonas vigiadas. Segundo a Autoridade Marítima Nacional, até ao final do mês de agosto já tinham sido feitos 478 salvamentos e 895 ações de primeiros socorros.
Banhistas "disciplinados"
Apesar dos números nacionais, o panorama não foi o mesmo em todas as regiões. Santos Amaral, comandante das capitanias do Porto do Douro e do Porto de Leixões, considera que a época balnear, na generalidade, "correu bem", sem "muita diferença", do que diz respeito aos salvamentos, "em relação aos outros anos".
"Relativamente às restrições da covid-19, diria que o balanço também é positivo e que as pessoas foram disciplinadas e acataram e entenderam as recomendações do Governo. Registámos uma maior ocupação de praias fluviais que, em anos anteriores, não tinham tanta procura. Pode ter a ver com o facto de as pessoas procurarem praias com menos ocupação", explica Santos Amaral.
Humberto da Silva Rocha, comandante da Capitania do Porto de Aveiro, diz que nas praias da sua área de jurisdição (de Mira a Ovar) "houve cerca de 40 ou 50 salvamentos". "Nem mais nem menos do que no ano passado. Foi o normal. Sem ser o acidente trágico [que vitimou um jovem], na praia da Barra, antes do início da época balnear, não tivemos vítimas mortais", adianta o comandante.
Nas praias da região de Aveiro, o verão também foi "tranquilo". Humberto da Silva Rocha reforça o facto de a época balnear ter arrancado com "dúvidas, em relação ao sucesso, ou não, da questão da lotação das praias".
"Afinal, considero que foi um sucesso. Exceto alguns episódios pontuais de maior afluência, principalmente na praia de Maceda (Ovar), acho que os portugueses tiveram consciência", sublinha.
Sem boca a boca
Os banhistas parecem ter facilitado o trabalho das autoridades e dos nadadores-salvadores. Nelson Santos, de 23 anos, nadador-salvador há quatro, confirma-o. Presta serviço na praia da Costa Nova, em Ílhavo, e considera que "a época balnear correu melhor do que se esperava". "Julgo que se deveu à atitude das pessoas. Das poucas vezes que tivemos de as alertar, acataram as recomendações", garante Nelson Santos.
Obrigados a utilizar máscara para falar com os banhistas e para fazer curativos, os nadadores-salvadores tinham também de alterar a forma de socorro, no caso de ser necessário prestar suporte básico de vida.
"Em vez de 30 compressões e duas insuflações, tivemos orientações para cancelar a respiração boca a boca. Não tivemos nenhuma situação dessas, felizmente", conta.
Depois de quase três meses a trabalhar na praia, Nelson diz que vai "sentir faltar" da rotina dos últimos tempos. "Sente-se sempre", assume. É que, a partir de hoje, para os banhistas, só há praias com banhos seguros da Figueira da Foz para baixo. E não é em todas.