Mais pobres com cabazes incompletos e sem ajuda financeira para comer
Programa foi prolongado até dezembro de 2024 e não há data para ser substituído pelos prometidos cartões eletrónicos.
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Anunciados há dois anos como alternativa à distribuição de cabazes alimentares, no âmbito do Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas (POAPMC), os cartões eletrónicos sociais ainda não têm data para ser adotados. O Ministério da Segurança Social diz que o processo se encontra em “fase de finalização dos procedimentos contratuais obrigatórios”, mas não se compromete com prazos. No mês passado, o POAPMC foi alargado até dezembro de 2024 e reforçado em 63,2 milhões de euros, para contribuir para erradicar a pobreza em que vivem cerca de 90 mil beneficiários. Mas os cabazes continuam a chegar com alimentos a menos (ler reportagem ao lado) e o apoio financeiro (de 30 euros por pessoa) para compensar essas falhas deixou de ser atribuído em junho. Além disso, ainda há pessoas em lista de espera.
“A criação do cartão permitiria diminuir o estigma associado à pobreza, porque as pessoas poderiam gerir esse plafond sem estarem expostas na ‘fila da pobreza’”, afirma Cristóvão Margarido, professor coordenador do Departamento de Ciências Sociais da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria. “Muitos ainda pensam que estas pessoas passam dificuldades porque não querem trabalhar, mas não é verdade”, assegura. “Muitas nunca estiveram nesta situação de maior vulnerabilidade social.”