Manifesto pede centros de saúde de volta para que não sejam só "postos de consultas"

Fundação para a Saúde reclama acesso aos cuidados de saúde de proximidade
Foto: Maria João Gala / Arquivo
A Fundação para a Saúde - SNS lançou, esta sexta-feira, um manifesto a exigir o "centro de saúde de volta", onde sejam criadas relações de confiança e acesso aos cuidados de saúde de proximidade. A declaração é subscrita por 30 signatários, entre os quais Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos, Maria de Belém Roseira, antiga ministra da Saúde, Sobrinho Simões, médico especialista em diagnóstico e investigação em cancro e Alcindo Maciel Barbosa, presidente do Conselho Consultivo da Entidade Reguladora da Saúde (ERS).
Corpo do artigo
O manifesto, intitulado "Sobre os serviços e cuidados de saúde a que temos direito", denuncia que há centros de saúde no país que "já não atendem os seus utentes ao telefone, que respondem ao correio eletrónico com inaceitáveis demoras, e os informam que agora também não os atenderão em caso de doença aguda", encaminhando os cidadãos para a linha SNS24.
Para os signatários, esta solução não é a indicada, uma vez que o atendimento telefónico pode demorar "tempos insuportáveis", o profissional de saúde não conhece o paciente, nem tem acesso à sua informação de saúde. "Não foi para substituir a equipa de saúde familiar que a linha SNS24 foi criada (...) Como experiências internacionais sugerem, é possível e é preciso que o centro de saúde e as suas equipas profissionais, com aquilo que conhecem dos seus utentes e com a informação ao seu dispor sobre eles, na base da sua relação de confiança, orientem o seu acesso aos cuidados de saúde de que necessitam", lê-se na missiva.
Os signatários, entre eles profissionais de saúde, economistas e músicos, lembram ainda que os centros de saúde, criados há mais de 50 anos, constituíram-se como um espaço de proximidade e de encontro com o Serviço Nacional de Saúde. E destacam a importância da relação de confiança entre a equipa de médicos e enfermeiros de família e os utentes. "É muito importante que as pessoas sintam que numa aflição, numa doença aguda - não necessariamente uma emergência médica -, podem beneficiar daquela relação de confiança, de cuidados de saúde por profissionais que os conhecem, assim como de toda a informação de saúde a seu respeito", vincam.
A terminar, os subscritores reclamam o "centro de saúde de volta" e que não "seja substituído por 'postos de consultas', presenciais ou à distância, públicas ou privadas, algures".

